quinta-feira, 22 de março de 2018

BELOW THE WASTE - ART OF NOISE






Dou início a este texto me desculpando com aqueles que curtem um rock mais tradicional. E faço isso por conta do tema de hoje, o álbum "Below The Waste" do grupo britânico "Art Of Noise".

Para aqueles que não sabem, um dia eu já tive um programa de rádio, que se chamava Star Trips e ia ao ar todos os domingos na antiga FM comunitária Star Sul (na região do bairro Vila Santa Catarina, na cidade de São Paulo). E neste programa, o meu intuito era tocar o rock de todos os tempos, estilos e tendências... Certamente, o melhor do rock nacional e internacional passou pela programação musical do Star Trips.

E um dos quadros do programa era aquele que eu costumava chamar de "Fronteiras do Rock", onde eu abordava coisas inusitadas relativas ao mundo do rock. Era um segmento do Star Trips no qual eu mostrava aos ouvintes que música não tem limites e fronteiras e que, muitas vezes, misturas musicais das mais inusitadas davam resultados extraordinários.

E neste sentido, levei ao ar muita coisa diferente em termos de viagens musicais com viés rockeiro, tais quais o rock do Led Zeppelin sendo performado pela Orquestra Sinfônica de Londres (um projeto musical do músico britânico Jazz Colleman); a música do grupo alemão Van Canto (um sensacional grupo musical vocal, o qual faz o som dos principais instrumentos apenas com a voz e com a ajuda de pedais); projetos musicais nacionais tais quais Língua de Trapo, Premeditando Breque e Arrigo Barnabé; Giberto Gil cantando um rock swingado fenomenal; o projeto musical Moda de Rock (dos músicos e violeiros Ricardo Vignini e Zé Helder); a musica viajante do Dead Can Dance; o post punk igualmente viajante do Cocteau Twins... E muito mais...

E a música do Art Of Noise fez parte do Star Trips através de diversas incursões na programação musical que eu elaborava. 

Por essas e por outras razões é que estou abordando neste canal cultural a "arte" musical deste sensacional projeto ART OF NOISE... E mais especificamente, o quarto álbum "Below The Waste", trabalho musical pelo qual alimento bastante admiração e carinho. Abaixo, temos a contracapa do disco (na versão em vinil).





ART OF NOISE - UM BREVE RELATO

Cabe aqui contextualizar este projeto musical através, inicialmente, de um breve relato sobre a história do grupo e de seus idealizadores.

O Art Of Noise, em termos de classificação musical, pode ser considerado como um grupo a ser enquadrado na categoria "avant-garde synth-pop". Mas há aqueles que classifiquem sua música apenas como "eletrônica", o que eu, de forma alguma, concordo. Na minha opinião, a música produzida pelo grupo é muito mais profunda do que isso, passando inclusive por momentos que podem até ser classificados como música clássica, jazz moderno, jazz rock ou tantos outros estilos e sub-classificações que surgem aqui e ali dentro das canções. Certamente que o termo "eletrônico" se encaixa no contexto, mas reduzir a música do grupo simplesmente a isso não me soa justo. 

O grupo(1) iniciou suas atividades em Londres, no ano de 1983, e foi formado originalmente por um conjunto bastante heterogêneo e inusitado de pessoas do meio musical britânico, a saber, o músico e produtor Trevor Horn, o músico e programador musical J.J. Jeczalik, o engenheiro de som e produtor musical Gary Langan, a compositora, tecladista e maestrina Anne Dudley e o jornalista musical Paul Morley.

Esta formação é a que predomina durante todo o período de atividade do Art Of Noise. O grupo manteve-se bastante ativo durante o período de 1983 até o ano 2000; depois disso reuniu-se apenas em algumas apresentações esporádicas; mas ainda considera-se que é um projeto musical em atividade. Entretanto, houve certa alternância de membros em diversos períodos, sendo que Anne Dudley foi a única integrante que participou de todas as fases do Art Of Noise.

Entre o período 1998-2000, o músico e guitarrista britânico Lol Creme também fez parte do grupo, sendo esta a única fase que não contou com J.J. Jeczalik.


  1. Notem que em todos os momentos eu me refiro ao Art Of Noise como um "grupo" musical; isto é um critério pessoal meu, pois não os enxergo meramente como uma banda, na medida em que eles não tem uma formação clássica com músicos que tocam guitarra, bateria, baixo, teclados e/ou outros instrumentos. Na minha visão, trata-se muito mais de um projeto musical, algo especial e fora do padrão, razão pela qual não consigo enquadrá-los como uma banda. Isto ficará mais claro no decorrer do texto.



Sempre que falo aos amigos sobre o Art Of Noise, via de regra, quase ninguém conhece. E se já ouviram falar ou mesmo ouviram algumas de suas músicas, estas são certamente a versão deles para "Kiss" (do cantor e compositor Prince), a qual conta com a participação do famoso cantor galês Tom Jones; e outra das músicas mais conhecidas do grupo é a instrumental "Peter Gunn" (composta originalmente pelo músico americano Henry Mancini), a qual lhes rendeu uma premiação no Grammy Award em 1986.


UM POUCO MAIS SOBRE A MÚSICA

Uma das principais características da música produzida pelo Art Of Noise é o uso bastante intenso de "samplers". Além disso, podemos dizer que grande parte das músicas são "colagens musicais", via de regra instrumentais, as quais mostram aos ouvintes passagens sonoras, em alguns casos, bastante díspares, com uma constante alternância melódica e sonora. E isto, certamente, causa bastante estranhamento nas primeiras audições.

Entretanto, é justamente esta alternância melódica e de sons que costuma atrair os fãs, principalmente os mais afeitos à música eletrônica e tecnológica.

Podemos dizer que, em termos tecnológicos, o Art Of Noise é um dos pioneiros em seu estilo, na medida em que Trevor Horn foi uma das primeiras pessoas a adquirir o "Fairlight CMI (Computer Musical Instrument)", uma das primeiras estações de áudio digitais associadas à sintetizadores de som e samplers que foram concebidas mundialmente (equipamentos originários de uma empresa australiana).

Os primeiros trabalhos do grupo foram classificados como "techno-pop" ou ainda "experimental rock".

Além das colagens sonoras, muitos outros elementos foram utilizados nas produções, tais quais vozes de pessoas notórias e trechos modificados de músicas famosas ou temas de filmes.

Outra característica bem forte que podemos sentir ao ouvir as canções é a alternância de melodias ora extremamente dançantes (recheadas de batidas fortes e muito cadenciadas) com outras mais suaves e contemplativas, tudo dentro de uma mesma faixa musical.


BELOW THE WASTE... FINALMENTE

Cheguei finalmente ao objeto da resenha.

Como dito mais acima, o álbum Below The Waste é o quarto trabalho lançado pelo Art Of Noise, sendo que o mesmo foi produzido, gravado e lançado entre 1988 e 1989.

Trata-se de um trabalho que não teve uma grande repercussão entre crítica e público. E talvez isto tenha acontecido por uma certa mudança de rumos em relação aos três trabalhos anteriores.

Na medida em que Anne Dudley e J.J. Jeczalik contaram com a participação do grupo musical sul-africano "Mahlathini and the Mahotella Queens", os quais aparecem em 3 das 12 músicas do disco, o trabalho como um todo acabou sendo considerado por alguns como "world music".

Certamente, o álbum tem algumas canções bem na linha "world music", entretanto eu não o classifico desta forma. Continuo a classificar a música constante deste álbum como "avant-garde synth-pop", uma vez que, o álbum como um todo está recheado de elementos musicais eletrônicos e samples bastante característicos da linha musical que o grupo aborda.

Todavia, concordo com a crítica no sentido de que houve mudanças significativas em relação aos trabalhos anteriores.

Acontece, porém, que tais mudanças de rumo, na minha avaliação, elevou a qualidade musical do Art Of Noise. As canções ficaram mais sofisticadas, mais melodiosas, mais ricas em termos de misturas de ritmos diversos.

Neste trabalho, o Art Of Noise contou apenas com Anne Dudley e J.J. Jeczalik (também assina a produção Ted Hayton).

Coube a Anne Dudley as abordagens musicais mais melodiosas e orquestrais; já J.J. Jeczalik certamente imprimiu um ritmo mais forte e mais dançante ao trabalho, concentrando esforços em colagens e passagens musicais repletas de batidas vigorosas e elementos musicais "funkeados" e também algumas doses de rock n'roll.

Falando agora sobre as canções, esta resenha contempla, na verdade, a versão de Below The Waste lançada originalmente em vinil, a qual tem algumas diferenças em relação a outras edições do disco.

Finalizo esta descrição geral do álbum destacando um detalhe bastante interessante aos amantes de equipamentos de som de alta fidelidade. A capa do disco conta a foto de um par de caixas acústicas estilizadas, fabricadas por uma das mais notórias marcas de equipamentos audiofônicos, a britânica "Bowers & Wilkins" ou simplesmente "B&W". Isto é apenas mais um indicativo de que estamos tratando de um grupo musical diferenciado, que pensa nos mínimos detalhes quando o assunto é a produção de um trabalho musical.


AS MÚSICAS


YEBO!


Canção com fortes elementos da música africana, YEBO! é uma das músicas que conta com o grupo musical "Mahlathini and the Mahotella Queens", o qual alia seu som repleto de arranjos vocais e batidas tribais ao som eletrônico do Art Of Noise. Há ainda algumas passagens musicais que contam com excelentes arranjos e riffs de guitarra, imprimindo uma pegada jazz rock bem interessante.


CATWALK

Excelente canção, repleta de swing e grooves. Lembrou-me os bons tempos da dance e funk music do finalzinho dos anos 1970. Música legal para você colocar no começo da festa; certamente vai fazer a galera se mexer e se intrigar com os diversos elementos sonoros que a tornam misteriosa e sofisticada.


PROMENADE 1

Interlúdio de pouco mais de 30 segundos que contrapõe totalmente a proposta musical da duas primeiras canções; melodiosa ao extremo, a música conta com arranjos orquestrais divinos, porém, tristonhos. Lembra um filme triste.


DILEMMA

Esta é uma das músicas do álbum que mais se enquadram na proposta original do Art Of Noise. Uma sequencia de batidas cadenciadas mescladas por samples de todos os tipos (vozes humanas que cantarolam melodias disformes, relincho de cavalos, cantos gregorianos, gritos e mais um sem número de sons). Tenho para mim que a grande maioria das pessoas vai pular esta música.


ISLAND

Peça musical de quase 6 minutos, Island é um primor de música. Melodia repleta de elementos orquestrais e piano, entremeada por uma batida suave e cativante, a musica certamente leva o ouvinte até uma ilha paradisíaca. No finalzinho da música entram em cena os clarinetes, conferindo à canção um ar clássico estupendo.


DAN DARE

Abrindo o lado B do disco, Dan Dare é mais uma das canções climáticas e enigmáticas do álbum. Porém, esta música equilibra bem os elementos mais melodiosos e orquestrais com batidas e levadas mais dançantes. Outro som que nos propicia momentos bem viajantes.


CHAIN GANG

Mais uma das canções que conta com os sul-africanos do "Mahlathini and the Mahotella Queens". A música começa com vozes femininas entoando um canto africano; logo em seguida entra em cena uma melodia permeada por uma batida em segundo plano, a qual funciona mais ou menos como um mantra percussivo, imutável nos primeiros minutos. Aos poucos a música vai crescendo em termos de vozes, elementos sonoros e instrumentais, até desembocar num arranjo "funkeado" e com riffs de guitarra bastante instigantes e dançantes.


PROMENADE 2

Mais 38 segundos de um lindo interlúdio. Momento para respirar fundo e se preparar para a parte final da viagem, a qual conta ainda com quatro cativantes etapas.


BACK TO BACK

Melodia extremamente cativante, aliando elementos melodiosos e levadas levemente dançantes. Guitarra e batidas proeminentes, esta é sem dúvida a música mais rock n'roll do disco.


FLASHBACK

Música de batida e levada fortemente jazzística, modernosa. Curtinha, com apenas 1 minuto e 45 segundos, quando você começa a gostar ela acaba... uma pena!


SPIT

Esta é a terceira canção do disco que conta com a participação do grupo musical sul-africano. Uma delícia de música. Acho que, dentre aquelas mais dançantes, esta é a que eu mais gostei. Além disso, o trabalho vocal é maravilhoso.


FINALE

Uma verdadeira peça clássica, nesta canção Anne Dudley nos envolve por completo com suas passagens musicais extremamente melodiosas. Trata-se de uma música criada por alguém que certamente tem uma sensibilidade musical das mais nobres. E fecha o disco nos deixando sem chão. Toda vez que a escuto, preciso ficar alguns segundos em silêncio para me recompor.



CONCLUSÃO

Finalizo esta resenha na certeza de que passei a minha mais sincera opinião sobre o ART OF NOISE e sobre esta maravilhosa obra musical contemporânea.

Espero, com este texto, sensibilizar a todos os leitores, de forma que o mesmo os façam querer ouvir o disco. E mais, espero que todos sintam a beleza e a força das canções.

Uma dica:

Numa primeira audição, recomendo estar só, num ambiente agradável, se possível na meia luz, saboreando um bom vinho. 

Um forte abraço e até a próxima.

Betão Star Trips

sábado, 10 de março de 2018

Acid Tree - Uma abordagem musical recheada de mistérios

ACID TREE



Salve Galera do Rock!

Estou de volta aqui neste canal de divulgação de rock tão especial. E neste retorno escolhi um trabalho muito especial, de uma banda brasileira, a qual faz uma música misteriosa e enigmática, recheada de elementos filosóficos e introspectivos.

Estou falando do ACID TREE, power trio paulistano composto por Ed Marsen (vocal e guitarra), Ivo Fantini (baixo) e Giorgio Karatchuk (bateria).

Vou iniciar a minha abordagem tratando dos aspectos musicais do grupo, pois estamos falando de músicos que mostram muita habilidade técnica e competência; em todos os sentidos. Tanto na performance ao tocar, quanto nas composições (e neste quesito, mais uma vez os caras são muito bons) as canções são bastante impactantes; sons atmosféricos, densos, intrincados, com fortes mudanças de andamento (às vezes se tornado um som bem pesado).

No quesito letras, eles viajam nessa mesma linha, ou seja, temas bem introspectivos e enigmáticos, os quais sugerem viagens em ambientes mágicos e sombrios; eu diria que eles exploram muito bem o lirismo poético nas canções e isso, por certo, sensibiliza muito o ouvinte.

Bom meus caros leitores, pelo o que eu pude apurar, eles já estão juntos desde 2013 (mas há registros na internet de que já em 2012 alguns dos membros do grupo estavam atuando de alguma forma). De concreto, conversei com Ed Marsen e ele registra como certo o ano de 2013. Enfim, para mim pouco importa se foi 2012 ou 2013. O primordial mesmo é que desde esta época eles têm trabalhado duro e com muita paciência no sentido de desenvolver a sonoridade da banda de uma forma muito especial. E todo este árduo trabalho e perseverança começou a dar frutos mais consistentes no ano de 2016 e mais ainda em 2017.

Foi no ano passado que eles resolveram efetivamente lançar o primeiro trabalho de estúdio (o álbum ARKAN), uma compilação musical que conta com 6 excelentes canções.

E pelo o que eu li num dos tantos registros que constam da internet, eles já tinham gravado estas músicas anteriormente, mas somente resolveram partir para a "prensagem" do disco no ano passado, justamente depois de consolidarem bem o trabalho junto ao público.

E neste sentido, eles mostram um profissionalismo bastante grande e demonstram na prática que o sucesso é algo que não surge assim do dia para a  noite; tem que trabalhar muito; ter perseverança; planejamento; estudar bem cada passo a ser dado. Por tudo isso, mesmo sendo uma banda de músicos jovens, eu diria que o grupo demonstra extrema maturidade, em todos os sentidos, mas principalmente em termos musicais.

E o sucesso começou a se materializar através de veiculações das músicas da banda na Kiss FM, por intermédio do Walter Ricci (locutor da rádio), o qual tem inserido músicas do Acid Tree em sua brilhante programação musical. 

Mas 2017 tornou-se um ano mais do que especial para o Acid Tree não apenas pela aparição da banda no rádio. 

O ponto alto se deu com a participação do grupo na "REBIRTH OF SHADOWS TOUR" de Edu Falaschi, onde o Acid Tree abriu todos os shows desta turnê, a qual passou por diversas cidades do território brasileiro. 

A tour terminou em São Paulo, no dia 21 de janeiro de 2018, em show que rolou no Carioca Club e que teve a participação especial de Kai Hansen (Helloween e Gamma Ray, entre outros). Ou seja, imaginem a abertura de portas que uma turnê desta monta não representa para um grupo de jovens músicos que está nos primórdios se sua carreira... deve ter sido sensacional!

Com relação aos planos da banda, muito trabalho já está sendo feito, na medida em que eles estão trabalhando num novo disco. E tais planos são realmente bem ambiciosos, pois eles querem produzir este novo disco todo na Suécia.

A intenção é gravar o disco no Fascination Street Studio, que é de propriedade de Jens Brogen, um dos grandes produtores musicais da atualidade (pelo o que eu me lembro, foi esse cara que produziu vários discos do Opeth). No caso, o produtor com o qual eles querem trabalhar é o David Castilho.

Falando agora em termos de sonoridade e estilo, o som do Acid Tree vai muito na linha de bandas como Opeth e Porcupine Tree, onde a banda trabalha com canções extremamente melodiosas, mas que aliam viagem e peso com bastante intensidade. 


ÁLBUM ARKAN



Com relação ao álbum Arkan, como já mencionado, se trata de um trabalho que conta com seis canções muito bem elaboradas e performadas, as quais resumem tudo o que foi dito acima.

O disco começa com a canção que o nomeia, ou seja, Arkan. Música que tem em seu bojo uma mistura muito bem equilibrada em termos de peso e viagem melódica; a canção literalmente nos leva por caminhos fantásticos e enigmáticos. Em termos dos elementos sonoros, guitarra, baixo e bateria vão se intercalando e se misturando a todo momento, sempre com a voz clara, limpa e afinada de Ed Marsen indicando a trilha a ser seguida. Não dá para dizer que há a predominância de um dos instrumentos em detrimento de outros. Neste ponto, podemos dizer, mais uma vez, que há um equilíbrio muito interessante nesta música.

Same Face vem na sequência, e se desdobra musicalmente mais ou menos na mesma levada da canção anterior. Ou seja, continuamos a viagem fantástica que o grupo nos propõe.

A terceira etapa da viagem é tão alucinante e intrincada quanto as duas primeiras. Estou falando da música Righteous Violence, canção de melodia suave e com intensidade crescente. Esta me remeteu diretamente à música de uma banda da qual sou muito fã... Violeta de Outono, grupo musical capitaneado pelo músico paulistano Fábio Golfetti e que fez relativo sucesso a partir de meados dos anos 1980, fazendo um rock psicodélico bastante cativante. Se você não conhece a música do Violeta de Outono, vá atrás, pois trata-se de coisa fina.

Milestones, a quarta música, é uma pequena joia encrustada no meio do disco. Com apenas 1 minuto e 54 segundos de duração, a canção (toda instrumental) nos propicia momentos de serenidade e contemplação muito ímpares. Viagem curta, porém intensa.

Quinta faixa... a coisa fica séria... acordes tristonhos e lânguidos de guitarra, seguidos de batidas rápidas... o vocal num tom igualmente tristonho... tudo revelando segredos de uma vida que talvez esteja próxima do fim... será? 

Adrift é o nome da canção que me trouxe estas impressões. Mais para o final da música, o solo de guitarra acaba por realçar o ar triste intrínseco durante toda a melodia da canção, a qual, logo em seguida, termina de forma tão fortemente angustiante quanto seu início. 

Ao ler estas palavras, talvez o leitor tenha a impressão de que eu não gostei da música. Nada disso! Melodias e letras tristes não indicam que a música seja ruim, muito pelo contrário. Entretanto, não recomendo que a ouça se você estiver num momento ruim de seu dia.

Chegamos por fim ao trecho final e mais longo da nossa viagem musical, a canção Caged Sun. Esta, sem nenhuma sombra de dúvidas, é aquela que carrega as maiores influências dos suecos do Opeth. 

A canção tem exatos onze minutos e diversas inversões de andamento. As levadas são fortes, porém com peso moderado. Mas no geral, as melodias são bastante densas e igualmente intrincadas.

Algo importante a ser reparado por volta dos primeiros 55 segundos de execução da música são os acordes muito parecidos com o trecho inicial da canção "The Devil's Orchard", a qual figura no álbum "Heritage" (10º álbum de estúdio do Opeth). Talvez uma homenagem à banda.

Observação: depois que escrevi o parágrafo acima, troquei umas ideias com o Ed Marsen e ele me explicou que, na verdade, eles usam a mesma escala e não os acordes. De toda forma, este álbum teve muita influência do Opeth, registrou Ed.

Enfim, caríssimos amigos do rock, vou encerrando a resenha com a forte recomendação de audição da música do Acid Tree.

Eu, do meu lado, vou acompanhar o trabalho deles, sempre compartilhando com vocês as minhas impressões a respeito da evolução da banda.

Ah... quase que já ia me esquecendo... Recomendo que ouçam o podcast Drops Star Trips, edição de nº 29, o qual foi produzido por mim e divulgado no meu portal Star Trips.

Neste podcast, além de falar um pouco sobre o Acid Tree, no final da locução eu coloco três faixas do disco para que os ouvintes conheçam o trabalho do grupo. Vale a pena conferir.


Forte abraço a todos e até a próxima.

Betão


ESTAMOS DE VOLTA!!!


Salve galera do rock!!!

Ficamos um tempo fora do ar, mas agora estamos de volta... Eu e meu parceiro do rock, Leandro Cenati, estaremos a partir de agora voltando à carga com postagens sobre os grandes discos, as grandes bandas (antigas ou novas) e vários outros temas relativos ao mundo do bom e velho rock n'roll.

Aguardem!!!!

Forte abraço.

Betão