Bem-vindos, novamente, promíscuos concubinos do rock!
Este blog sofreu um grande hiato,
devido a fatores externos e que envolvem forças maiores, porém não devem ocupar
sequer meia palavra neste espaço. Eu e o Betão prometemos entreter novamente os
amantes do rock com mais posts sobre este estilo tão amado. Sem mais delongas
vamos ao que importa.
“Porra Leandro, você não posta
nada há anos, e vai voltar para falar de Led? Cadê a proposta de Blog descolado,
metido a alternativo? Toma vergonha nessa cara!” Calma lá! Primeiro que Led sempre gera assunto (fale bem ou mal de
mim, mas fale) e gerará assunto para sempre. Segundo que estes
quatros ingleses criaram um aparato musical que será copiado, imitado,
sampleado e reverenciado perante toda a eternidade, passando pela guitarra suja
de Jimmy, pela voz rasgada e estridente de Robert, pela sensibilidade e
virtuosismo de John no baixo, bandolim etc., e por fim, mas não menos
importante, a porrada absurda na bateria do outro John. Claro que ainda falta
citar todos os trejeitos e cacoetes que tinham em cima de um palco, criando
moda e tendência. E já vou avisando que este blog, em toda a sua proposta de catarse, não
passará pano algum para estes senhores, que apesar de serem uma sumidade em
termos de criatividade, tem a carreira marcada por diversas acusações de
plágios, algumas infundadas e outras totalmente descaradas.
E qual a motivação desta análise? V.Ex.ª Alberto Costa, Betão para
os íntimos, veio de sobressalto, em uma conversa descontraída de Zap, denunciar
os absurdos cometidos por uma banda composta por quatro fedelhos de Michigan, EUA. “Quem são os caras?” perguntei eu. “Greta Van
Fleet, já ouviu falar?”. Talvez por mera coincidência do destino havia
lido uma matéria na internet sobre os ditos cujos, falando sobre a participação
deles no Oscar, tocando com o vulgar Elton John (ironia detected). “E qual é a
deles Albertones?” novamente indaguei. “É Led, saporra”. Não sei se certamente
com estas palavras, mas o conceito é este. Pois bem, como sou um maníaco
obsessivo por conhecer a fundo a história das bandas que aprecio, fui atrás como um viciado no auge da abstinência. Ouvi tudo
que tinha de gravações de estúdio no youtube, vi boa parte dos shows
disponíveis e, finalmente, dei-me conta de algo muito importante. Nós,
roqueiros, sujos e morféticos, estamos extremamente carentes de um novo Led!
Vivemos um momento da mais pura
bunda molice no cenário mundial de rock, com falta de vontade, criatividade e uma inércia que parece não ter fim. Meu objetivo aqui não é
denunciar outros estilos, respeito todos, de coração, pois a vida me ensinou a ser
menos xiita e elitista com relação à música. O que me entristece é ver
que o rock não produziu mais nada de relevante nos últimos anos, apesar de ter muita gente fazendo coisas legais, autorais, diferentes e artísticas, que vai de figurões do rock à
bandas experienciando as margens do mainstream. A grosso modo, tá faltando novos
movimentos como: grunge, punk, progressivo, alternativo, heavy metal entre outros.
“Voltou com tudo hein? Tá
viajando na maionese!” Querido leitor, espero ao final deste post concluir com
sucesso minha linha de raciocínio. Vá se preparando para o pior!
Por fim, se você acompanha o
Blog, já deve ter notado que Led moldou meu caráter musical, e o de grandes
músicos famosos pelo mundo, e, por este motivo, é a banda que pode ser usada
como referência para qualquer outra que se aventure por aí. Não é raro ouvir
“nossa, esta banda é o novo Led” ou “esta banda é o Led dos anos 90”. Estas
frases podem ser replicadas também para Sabbath, Beatles, Floyd etc.
Em suma, Led é foda, amamos mais
que x-bacon e estamos muito frustrados por nada tão bom surgir. Sendo assim,
minha proposta é: traçar uma linha do tempo do Led, apresentando passado,
presente e futuro, representados pelos discos, Led Zeppelin III (do próprio),
Amorica (The Black Crowes) e From The Fires (Greta Van Fleet) em 3 posts distintos (ficou grande pra kct, era tudo um post só, então eu quebrei). Explico as
escolhas posteriormente, confiem em mim. Vamos lá!
Led Zeppelin – Led Zeppelin III
O Led é o passado por razões
óbvias, né, nem precisa explicar? Olha as caras de tiozões do rock ai! (O Robert ta parecendo a mistura do Oswaldo Montenegro com a Vanderléia)
Escolhi Led Zeppelin III para
este post pois acredito que o disco seja o ápice da maturidade musical da
banda, sem menosprezar, obviamente, os dois anteriores. Toda aquela fúria
verificada no primeiro álbum, foi se dissipando, atenuando e o caminho a ser
seguido ficou límpido e claro, com a banda finalmente alcançando o paroxismo da
mescla “chumbo que flutua”. A escolha desta magnífica obra de arte embasará os
comentários sobre o presente e futuro também.
Como uma fita rebobinando, sem
precisar de caneta bic, a horda provinda de valhalla - o olimpo dos deuses
nórdicos - traz o martelo voraz de Thor e cia, que açoita a carne da incauta
humanidade. “Valhalla, I am cominggggg”. É isto senhores, aqui está Immigrant Song, uma das músicas mais
barra pesada já feitas, com um riff absurdamente simples, em contraste ao gelo
e o sol da meia-noite. Robert grita a plenos pulmões, estridentemente, rogando
uma praga pestilenta sobre os ouvintes. Posso dizer sem medo da leviandade, que
esta música me fez arder em paixão por Led. A despretensão total em não soar
como um clássico, a torna épica. Afaste os móveis e tente não se jogar na
parede enquanto escuta, ela passa rápido e não vale a pena morrer por ela (será?).
O próximo petardo já foi falado
aqui no Blog, no post sobre o disco No Quarter, da duplinha carimbada Page
& Plant. Friends perdura a
despretensão da música anterior, porém é rica em detalhes. Um violão de
afinação aberta, um Robert agudo de quebrar taça, sintetizadores, vozes não
identificadas ao fundo, um vento que traz o gosto salgado das areias do
longínquo deserto babilônico. Kashmir só veio no sexto disco da banda, e
Friends, com certeza é o prelúdio. Possui um fim espacial que culminou em
celebração. Celebration Day é o
sarau de comemoração aos anos 70. Vamos cantas, dançar e curtir isso tudo.
Começa como um country sulista, cheio de subversão blueseira, que te contagia.
Mr. Page não poupou crueldade nas guitarras e é o grande destaque da música.
Mr. Plant continua com sua voz irritantemente saborosa. Mas a cozinha está lá, John²,
mexendo essa panela com força, para não queimar no fundo. Ficou felizinho? Se
prepare para o pior então.
Since I’ve Been Loving You é a melancolia em sua maioridade cívica.
Pode ser só uma música de amor, porém atravessa o peito e te sufoca em
lágrimas. Esta paixão hipócrita sai fervorosamente do coração e atinge em cheio
as cordas da guitarra. No trecho em que Plant bate em nossa porta, denunciando
a perfídia, a música explode em magnificência. Destaque para a frieza e
precisão de Bonzo em agredir a bateria, como se estivesse fazendo ao amásio. Seria mentira dizer que esta é minha versão favorita desta música,
principalmente para quem acompanha o Blog e já leu isto aqui, porém continua sendo meu ponto alto do disco.
A celebração volta em Out On The Tiles e a porrada come
solta. Creio que esta música é o divisor de águas do disco, trazendo todo o
peso visceral do Led, seja nos grandes riff de guitarra, na bela vocalização e
na consistência baixo e bateria. O que vemos a seguir é uma mudança de
andamento mais amena, em que o dirigível começa a revoar por terras mais “folk”. Aguente firme, pois Gallows
Pole chegou para nos salvar, com uma bela pitada acústica, com um bom
punhado de influência norte americana, ou seja, uma já conhecida receita de
sucesso.
E o acústico continua e o country
também em Tangerine, a primeira
baladinha do disco, recheada de simples acordes em um belo violão 12 cordas - é
tipo uma viola, só que a viola tem 10 cordas, porque gringo faz tudo melhor
#ironiaagain. É uma melodia doce como uma mexerica mesmo, e inocente como uma
paixão de adolescente.
A partir da metade o disco assume
esta toada acústica e vai até o fim, e é assim que tem que ser: That´s The Way. John Paul Jones nos
brinda novamente com um tímido bandolim, que propicia o clima dos fados
lusitanos, já abordados em outro post sobre o Led. E ainda tem uma guitarrinha
de colo, que acende um incenso floral ao fundo para transcendência espiritual.
Agora o momento mais polêmico do
disco, pois aqui temos dois plágios, Bron-Y-Aur
Stomp e Hats Off To (Roy) Harper.
Pelo menos é o que nosso colega de longa data, google, nos diz. A primeira está
na lista dos plágios de Jimmy a Bert Jansch (se você curte música folk da
Escócia, Irlanda e agregados, PROCURE MAIS SOBRE ESSE CARA!!!!!!!!!!!!!!!!!!) e
a segunda é mais um blues orgânico dos anos 20, talvez perdido em sua real
autoria, que os caras do Led foram lá e kibaram. Plágio ou não, são músicas
excepcionais, que exalam o fresco e fétido odor dos mangues formados no rio
Mississipi, desaguando na terra do Jazz, New Orleans. Toda essa carga emocional
está lá, seja no bumbo exagerado de Bonham, ou no slide ansioso de Page. Vale destacar que o disco termina onde o Led começou, no diabólico delta blues!
E aqui terminamos o passado, a
fundição que concretou o rock de várias maneiras. Vários cantores apareceram
depois cantando agudo de estourar taça, centenas de guitarristas colocaram a
guitarra no joelho enquanto fumavam (tá bom, Keith Richards é o pioneiro), um monte de baixista que toca piano (Geddy
Lee?) e por fim, mas novamente não menos importante, trocentos bateristas
tomaram coragem e fizeram solos de 40 minutos.
To Be Continued...
Grande Abraço!
To Be Continued...
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