Bem vindos!
Queridões, este é o primeiro post
de 2013! Por quê? Porque o país só começa depois do carnaval? Porque o dono do
teclado estava de cama? Inoperante? Bom, a verdade é que não deu mesmo e é isso
aí. Prometo escrever alguma coisa que preste. Onde paramos mesmo? A sim, aquela
coisa que nos foi apresentada pelo Capeta, chamada Rock.
Nossa história de hoje começa com
nossos amigos bretões, sempre, sempre eles. Ela começa em dois momentos
diferentes um há mais ou menos 62 anos a trás e o próximo há 47 anos. Baixo com
voz e bateria respectivamente. O primeiro entrou numa das mais consagradas
bandas do Reino Unido com a incumbência de substituir dois caras. E como
desempenhou bem tal papel. Substituir Gillan e Glover ao mesmo tempo é para
poucos. “A, mas tinha o Coverdale, Leandro!”. E daí que tinha o Coverdale, quem
berrava pra caralho era o Glenn Hughes e ponto final. O outro é fruto de bumbos
com alumínio e vodka com suco de laranja. Ele não é o maior virtuoso do
instrumento, porém tem muito feeling e é descendente da porrada em pessoa. Jason, e não é o dos filmes, traz o ácido desoxirribonucléico
de Bonham para a melodia.
Sacrilégio, você não vai falar dos
inigualáveis Joe Bonamassa e Derek Sherinian? Não me sinto muito a vontade para
dissertar sobre estes dois cidadãos. O primeiro deu um show de soberba e
arrogância ao sair da banda e achar que é o próximo Rory Gallagher. A
insatisfação dele com a banda para mim não é motivo para proibir os
remanescentes de usar o nome. Coisa de menininho mimado dono da bola. O segundo
quis que a platéia gaúcha achasse legal uma manifestação de patriotada em seu
show com Yngwie Malmsteen, outro calhorda de marca maior. O público tupiniquim
agiu com a mesma repulsa característica dos norte-americanos, e o babaca fala
de terceiro mundo? Ainda bem que tem o terceiro mundo para alimentar a boca
destes ingratos. Falemos de música.
A banda reapresentou ao mundo aquela fórmula mágica de guitarra, baixo, teclado, bateria e vocais rasgados.
Sinto muita falta de músicos que façam isso de forma inovadora e consistente. Resgatamos
este orgulho perdido nos três álbuns do Black Country Communion, e neste post
falo sobre o meu preferido, o segundo (óbvio). Prossigamos.
Certo, não vou ficar detonando os
rapazes supracitados, tecerei elogios, prometo. The
Outsider vai para eles. Derek e Joe casam bem os instrumentos,
remetendo-nos a Ritchie e Jon, ótimo sinal. O riff de guitarra cumpre o
prometido na letra: “Kill the Reaper”, ou, matar o ceifador, trocando em
miúdos, matar a morte. É um belo começo, com muita energia, revivendo a força “púrpura”
perdida de outrora. Joe traz o peso da tonalidade da “Gibson” para um clássico
genuinamente de “Fender”, mais precisamente colocou o Jimmy Page para tocar um
petardo de Deep Purple. Acho que essa é a melhor definição para o Black Country
Communion, Deep Zepplin e Led Purple.
E Man
In The Middle é mais uma demonstração disso, sinta o peso das
baquetas da Famiglia Bonham. Glen
Hughes parou com as drogas (pelo menos assim espero) e deve estar viciado em
Yoga para conseguir cantar deste jeito com mais de 60 anos. Estamos na segunda
música e Bonamassa já provou que tem muita criatividade, fazendo riffs e solos
novos, coisa nova e música nova. É muito bom saber que ainda existem
guitarristas que glorificam a herança blueseira, em detrimento aos estudiosos
da velocidade, afinal, a base de tudo isso que gostamos está lá. Balance sua
cabeça.
Já ouviu Ramble On, né? Já ouviu
Going to California? Já ouviu Led, né, meu filho? Pois bem, óia eles aqui em The Battle For Hadrian’s Wall. Os acordes do discípulo
são referências exatas às músicas supracitadas, falando o vernáculo do Led. E o
que achar do bandolim, à la John Paul Jones? Os vocais são mais suaves, desferidos
por Bonamassa, que prova ser um músico completo, calando a boca do
que vos fala, porém creio saber separar o profissional da pessoa, nesse ponto
não há o que falar. A facilidade com o qual a banda transforma momentos suaves
em pancadaria me empolga bastante. Ouça os detalhes e note um clássico sendo
construído.
Agora um pouco de “Come Taste the
Band”, ou, “You Keep On Moving”. Save Me
relembra este passado perdido, quando o Purple experimentou outro guitarrista e
deu relativamente certo. A virada instrumental lembra outro clássico, Gates
Of Babylon. Como é bom sentir a ferocidade da escala menor harmônica novamente,
fora do contexto heavy metal da atualidade. Como é bom saber que Ritchie e Jon ainda
vivem na música. Ao final a psicodelia do grupo aparece um pouquinho e bends
longos de Bonamassa perfuram nossa alma. Aleluia, aleluia.
Mais uma com clima altamente rock
‘n roll, quebrando um pouco a introspecção de Save Me. Smokestack Woman, não tem muitos segredos a
serem desvendados, é a junção de força e riffs na sua essência, com o encaixe
de um solo estilo “Summer Song” do xará Satriani. Um pouco dos gritos de Glenn
caiem bem também.
Faithless
oscila e disfarça. Começa deveras calma, dá uma má impressão. Uma escala que
sobe escadas e depois desce de novo. O refrão é mais forte e intenso, porém,
mesmo assim permanece calmo. O solo é rápido, tem um pouquinho de Stargazer, um
pouco de Mistreated também, ou seja, quase uma sopa de letrinhas, mas com muita
personalidade, não parecendo ser um cover de algo. Ao final, mais um sonoro
John Paul Jones, agora nos teclados.
E novamente Bonamassa destaca-se
no que faz de melhor, voz e cordas, por isto o critiquei no começo do post, ele
detinha muita autonomia na banda, poderia ter aproveitado mais, enfim. Ordinary Son é outra que oscila de
característica. Forma uma relação muito intimista entre guitarra e voz blueseira
de Joe. As viradas cortam toda esta harmonia, culminando nos alegóricos gritos
de Glenn. Vimos então uma perfeita parceria vocal, lembrando-nos de Hughes e
Coverdale, guardadas as devidas proporções. O solo é cheio de Clapton a
Gallagher. Queria que este filho ordinário não tivesse fim.
I
Can See Your Spirit veio do mesmo embrião de The Outsider e Man In
The Middle. Praticamente uma bastarda, uma filha com muitas mães. Possui tudo
aquilo que já saboreamos bastante aqui no blog, riff pesadão, voz rasgada de
Hughes e solo feroz e eficiente. E de tira gosto ainda rola um belo solo
lordiano de teclado.
E agora um pouco de Since I’ve
Been Loving You. Hein? É isso mesmo, Little
Secret é formada primordialmente da fórmula matemática, blues lento
+ tom menor = sofrimento, que deu muito certo com o Led. Claro, como disse
anteriormente, esta não é mais um cover e possui muita personalidade, porém os
elementos estão lá, música que cresce, tem peso na guitarra, é coberta por um
teclado que enche a melodia e a voz é sôfrega. A referência a Rory Gallagher
continua, escute A Million Miles Away dele e chegue à suas conclusões.
Crossfire
relembra um pouco da carreira solo de Glenn Hughes, principalmente o disco Soul
Mover com Chad Smith do Red Hot Chilli Peppers na bateria. É a música com mais
daquele swing que sempre marcou a carreira dele. Baixo e voz fazem este Mojo
musical.
E por fim, na minha singela
opinião, a melhor música do disco. Para quem possui o DVD Live In Europe sabe
que Glenn dedica Cold a todos os amigos
que já se foram. Não sei por qual motivo, mas ela sempre me causou uma tristeza
funérea, depois que ouvi o DVD descobri o porquê. Escute a punhalada fria e
certeira que este slide de Bonamassa crava em nossos corações. A voz aguda gela
ainda mais esta ponta de lança. Por volta dos três minutos um riff mais
ardiloso tenta aquecer nossos corpos, mas já é demasiado tarde.
Em especial gostaria de destacar
o ótimo trabalho desenvolvido por Jason, ele realmente introjetou a estilística
pesada de seu progenitor e incorporou-a na sonoridade da banda, empregando muita
força em todas as músicas. Outro ponto forte da banda era a parceria Hughes Bonamassa,
suas vozes e instrumentos completavam-se em nível quase espiritual. Pena os
egos inflamados ainda permanecerem neste meio. Agora é aguardar mais notícias
sobre o destino dos remanescentes e que venha algum guitarrista a altura. Sou
pessimista e acho difícil haver continuidade que mantenha o nível apresentado
até aqui.
Desculpem o hiato, quero voltar a
escrever.
Grande Abraço.
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