Bem vindos!
E encerrando esta insidiosa trilogia temos a perspectiva futura do Led: Greta Van Fleet. Ainda ligeiramente desconhecida do cenário musical mundial, os "xovens" já estão causando algum tipo de alvoroço por ai. A esta altura do campeonato temos
uma porrada de informações sobre a banda, várias entrevistas em rádios, vários
vídeos de apresentações ao vivo – uma no grande festival de coachella – e
até uma ótima entrevista do Robertão da Planta dizendo que
amou e “odiou” a banda, já que, segundo as próprias palavras, eles eram o Led
Zeppelin I. O frontman do Led ainda se mostrou indignado com o cinismo do vocalista Josh Kiska,
que disse ter se inspirado no Steven Tyler. Oi?!?!??????? Vi ainda outra
entrevista que Josh diz ter se inspirado nos trejeitos das mãos de Joe Cocker. É
muita cara-de-pau. Se você tiver saco e paciência de procurar, veja os vídeos no youtube que os
caras estão caracterizados literalmente como o Led. Acrescentei alguns vídeos de caráter ilustrativo durante o post para vossa apreciação. Ta acabando, prometo!
Polêmicas à parte, vamos a
algumas informações. A banda é originária de Frankenmuth, Michigan e é formada
pelos irmãos Kiska, Josh, Jake (irmãos gêmeos) e Sam, além do mais recente
baterista Danny Wagner. Então você já viu que os papéis estão bem desenhados e
conhecidos, um cara na voz, um na guitarra, um na bateria e um no baixo,
bandolim e teclados. Onde já vimos isso? O vocal (Josh) é agudo e estridente e
tem o mesmo cacoete de mão de Plant; o guitarrista (Jake) posiciona a guitarra
no joelho e cabeceia o ar para trás que nem Page fazia, porém usa uma Gibson
SG, só para te confundir; o baixista toca um jazz bass da fender, e toca
teclado (só falta falar que se inspirou no Geddy Lee); e o batera é o Bonham e
ponto final.
Em minha visão a banda não é só
calcada no Led, é também, produzida ostensivamente para soar como eles. E, em
uma teoria pessoal, acredito que tudo isto é proposital para catapultar a fama
dos ditos cujos, já que tudo que se pareça com Led gerará assunto,
principalmente neste árido cenário do rock mundial, sem grandes bandas no
mainstream.
Diferentemente de Robert, acho
este disco mais parecido com a fase do Led Zeppelin III, em que Jimmy Page já
não usava mais a telecaster, usando somente a Gibson Les Paul, e o som da banda
era mais limpo. Entendeu agora porque escolhi o Led III como primeira análise? Está tudo conectado! Vamos ao disco!
Há várias opiniões sobre qual
música deles é a mais Led, eu sou taxativo, é Safari Song, música que abre o disco. Cito as referências: o
icônico grito inicial de Josh já dá o tom do que vem a seguir; a utilização de
palavras que explodiam na boca de Plant, “Mama”, “Heart” etc.; a modulação de tonalidade de Josh, saindo das
notas altas e caindo nas mais graves; a bateria cru de Danny, mas cheia de
peso; e, por fim, a minha seara: a guitarra. Jake praticamente mimetiza toda a
forma de tocar guitarra de Page, dos riffs e tons, e até os solos. Iguaizinhos,
sem tirar nem por. Com certeza, nas homéricas e loucas apresentações do Led nos
anos 70, Jimmy tocou um solo parecido com o que ouvimos em Safari Song. Arrisco
a dizer até que deve ter tocado igual, nota por nota. O que temos aqui é uma
música original, totalmente encaixada no modus
operandi do Led. Veja o vídeo abaixo, e veja se minto:
Em Edge of Darkness, nos acordes iniciais, sentimos que a coisa vai
mudar. Tudo ainda está muito parecido, mas a guitarra já demonstra quebrar um
pouco o padrão. Josh ainda soa Plant, porém notamos uma leve diferença. Aí
chega o pré-refrão e estraga tudo. É Led saporra, de novo, nas palavras usadas e no jeito de cantar que, agora sim, lembra as porradas do Led I, tipo Good Times
Bad Times, Communication Breakdown etc. E mais um solo igualzinho.
Até aqui, admito que o post está
levemente inclinado à um tom de crítica, porém quero deixar claro que é de
impressionar a competência e talento dos moleques, que, apesar de estarem
copiando descaradamente o Led, estão apresentando ao mundo um trabalho 100%
autoral que pode resultar em algo novo e legal. Adendo feito, voltemos ao disco!
E agora é o ponto alto do
cinismo, a música a seguir, segundo os próprios integrantes é uma homenagem a
Tom Petty. Mano, na boa, essa foi muito foda de engolir, sério! Não sou um
grande apreciador e nem conhecedor da trajetória musical do Tom Petty, porém
nunca o enxerguei como um expoente do Flower
Power, título desta faixa, que também foi a expressão que caracterizou toda
a geração Hippie. Sinceramente, enquadro-o muito mais aos artistas de veia folk
sulista dos estados unidos, do que um integrante do “Paz e Amor”. Agora você,
amante de Tom Petty e Led Zeppelin, escuta a bendita faixa e me diga o que
parece? Parece muito mais uma fusão de “Your Time is Gonna Come” com “Going to
California” e todas as faixas folk supracitadas no post do Led Zeppelin III.
Talvez a única justificativa seja: “Ah, é uma faixa folk vai, o Tom Petty tinha
uma pegada folk”. Tá, e quem foi um dos grandes expoentes do dito “Flower
Power” e da psicodelia como um todo? E ai é o seguinte, tá tudo lá de novo,
bonitinho, no seu devido lugar. O violão, o solo de guitarra, o jeito “Plant”
de cantar - caralho, até os Oh Yeah, Oh Yeah ele faz igual – e, algo novo até
agora, o bandolim e o teclado. Bom se o final da música não se encaixa
perfeitamente a já citada “Your Time is Gonna Come” eu tô é ficando louco
mesmo. Olha a "dedicatória" ai embaixo.
A Change Is Gonna Come é a próxima. “Peraí Leandro, você tava
falando de Your Time Is Gonna Come no parágrafo anterior, então você deve ter
confundido”. Não, cara, é isso aí mesmo, porém há uma explicação mais que plausível: trata-se de um cover de Sam Cooke, um dos maiores expoentes do Soul, ou o Rei do Soul, mais precisamente. Grandes nomes já regravaram esta maravilhosa peça de arte, como Otis Redding e Aretha Franklin, além de ser um dos marcos pela luta dos direitos civis no EUA. Sentiu o tamanho da responsa? Nesta faixa, por incrível que pareça,
já consigo notar uma leve distanciada do estilo Led de ser, talvez por não ser uma música de rock em sua essência, contando com o elemento surpresa do coral feminino (que eu me lembre, isso o Led nunca fez). O clima folk permanece da antecessora, travestindo levemente o formato da canção original, calcada principalmente na influencia da música negra norte-americana. Os caras
trajaram roupas de civis nessa música, será que continua assim?
Eis que eles colocam a farda
utilizada pela força área de novo e vão lá pegar o timão do dirigível. Highway Tune começa como? Como “The
Rover”! E mais gritaria! E mais “mama”! Algumas pessoas colocam esta faixa como
o Led perfeito. Realmente tem tudo, um riff meio plagiado do Led, um solo
característico do Page, os berros irritantemente iguais. É igual pra cacete,
mas para mim “Safari Song” ainda ganha.
Meet On The Ledge começa bem setentista, mas finalmente tenta se
distanciar um pouco do Led. Até o jeito de cantar de Josh aparenta estar
mais apaziguado. É uma boa balada que talvez tenha até algum apelo comercial
no futuro. Finalmente sinto a banda buscando algo mais próprio e original. Claro
que o jeito de cantar ainda é bem parecido com Plant, porém, destaco a
tonalidade da guitarra, e até o solo, que finalmente parecem não ter sidos
extraídos de algum bootleg do Led. Temos talvez um horizonte mais promissor
aqui.
Talk On The Street já apresenta elementos um pouco mais modernos,
como o riff de começo, saindo da zona de conforto da cópia. Eu acho que a
medida que o disco vai chegando ao fim, a banda começa a buscar sons diversos e
elementos mais próprios. Aquele clima setentista ainda está lá, mas parece que
as palavras das letras já não são colocadas para dar a entonação zeppeliniana.
Claro, os bicordes e afins, ainda nos remetem aos caras, talvez até um pouco a
pegada do Led Zeppelin II, mas, sinceramente, já vejo uma mudança de tendência.
Cabe ressaltar também que a banda não pode se sustentar com fãs saudosos do
Led, então provavelmente eles acabarão buscando sons mais comerciais, com menos
viagens de ácido e menos solos grandes de guitarra, como podemos verificar já
nesta faixa.
E encerrando a epopeia, Black Smoke Rising. Gosto de todas as
músicas do disco, mas este é o ponto alto. A banda finalmente
parece soar original, com uma música potente e um refrão que gruda. Claro que
novamente é muito da guitarra do Page, principalmente no refrão e nas partes
mais lentas. Outro ponto importante é, o timbre de voz de Josh é muito parecido
com o de Robert, então, para que a banda realmente trilhe outro caminho
criativo, o ideal é buscar novas formas de cantar, nunca fugindo da inspiração
inicial, é claro.
A pergunta final que fica é: o que será desses talentosos jovens mancebos ávidos pela retórica Zeppeliniana? Só o tempo nos dirá. Estou super ansioso por um segundo trabalho de estúdio, que para mim mostrará onde realmente a banda quer chegar. Ainda falta um longo caminho a trilhar, falta uma leve maturidade musical e, quem sabe até, uma leve pitadinha de cocaína (não me matem, é só uma brincadeira!), mas temos que dar o braço a torcer, o dirigível de chumbo está em boas mãos, hein?
Grande abraço!
Grande abraço!
Salve Brother!!!! Parabéns!!! A trilogia ficou perfeita e matadora... Esta perna final da viagem foi realmente inspiradora!!!
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