Bem vindos!
Conforme prometido, contínuo minha incursão despretensiosa nos vales de chumbo Zeppelinianos, tentando provar o improvável: o Led criou tendência, formatando uma linearidade temporal de passado, presente e futuro. Neste post discorro sobre o presente!
“Banda do presente? Os caras se separaram em 2015, não fode!” Eu sei que os muitos (dois, o Betão e eu) leitores do Blog devem estar se perguntando por que escolhi Black Crowes, uma banda que mais anda separada que outra coisa, como a perspectiva presente de Led. Em minha defesa alego que Black Crowes é uma banda com potencial de fazer algo relevante para o rock, mesmo tendo que lidar com os egos explosivos e incompatíveis dos irmãos Robinson - quem conhece a história da banda sabe do que estou falando. Acrescento ainda que os caras já encontraram a sonoridade e identidade deles, produzindo um conteúdo totalmente autoral e magnífico!!! Eles foram e voltaram várias vezes (tipo o Scorpions) então ainda tenho fé que voltem o quanto antes.
Conforme prometido, contínuo minha incursão despretensiosa nos vales de chumbo Zeppelinianos, tentando provar o improvável: o Led criou tendência, formatando uma linearidade temporal de passado, presente e futuro. Neste post discorro sobre o presente!
“Banda do presente? Os caras se separaram em 2015, não fode!” Eu sei que os muitos (dois, o Betão e eu) leitores do Blog devem estar se perguntando por que escolhi Black Crowes, uma banda que mais anda separada que outra coisa, como a perspectiva presente de Led. Em minha defesa alego que Black Crowes é uma banda com potencial de fazer algo relevante para o rock, mesmo tendo que lidar com os egos explosivos e incompatíveis dos irmãos Robinson - quem conhece a história da banda sabe do que estou falando. Acrescento ainda que os caras já encontraram a sonoridade e identidade deles, produzindo um conteúdo totalmente autoral e magnífico!!! Eles foram e voltaram várias vezes (tipo o Scorpions) então ainda tenho fé que voltem o quanto antes.
E por que o Led do presente? Esta
é a parte mais interessante para mim, pois talvez para olhos menos atentos não
há tantas semelhanças assim. Uma banda que contou com seis membros em sua
formação (um teclado e uma guitarra a mais da formação do Led com quatro), um
vocalista estridente, mas sem o alcance total de Robert, com leves trejeitos de
mick Jagger, além de uma dobradinha de guitarras, coisa que o Led nunca teve. Concordo, porém, o som dos mestres do dirigível está lá, sem tirar nem pôr,
nos riffs, no clima blues rock com muito peso, na pegada setentista e por aí
vai.
E o argumento final: quem fez um
show na Grécia em 2000, que virou cd e dvd, com nada mais, nada menos que Mr.
James Patrick Page, reproduzindo os maiores clássicos dos ditos cujos? Ponto
final, 7 a 1 pra mim!
E por que Amorica? Porque eu
gosto desse disco e a arte da capa é polêmica (coloquei a foto de uma versão minimalista, mais light, julguem-me).
Foi, mas já? Calma lá, Gone chegou, mas ainda não foi. Umas
batidinhas leves de colher no copo, ditam o ritmo da guitarra abafada que puxa
o trem. Não temos um retorno aos anos 70 à Zeppelin, porém toda a pasta base
que criou o Led, dá o tom nesta música. Microfonias, guitarras sujas, solos de
veia blueseira e muita gritaria de Chris Robinson. Tem até piano de criança. E
sem trocadilhos, “foi” tudo isso aí mesmo. Uma porrada!
Em flagrante ação conspiratória
com o Belzebu, em alguma encruzilhada empoeirada, A Conspiracy monta sua armadilha. É cheia de swing, com muito pedal
Wah Wah, saindo da nebulosa Inglaterra e indo direto a Seattle, ao covil do
saudoso mestre das seis cordas, Jimi para os íntimos. Mas como o título
anuncia, não passa de uma tramoia, e o refrão taca o Led na tua cara, te dando
um belo traumatismo craniano. O riff do refrão e o mini solo do fim são Jimmy
(não vai se confundir com os Ji(mi)mmy(s) aí não hein?) em essência.
Num suave tom de galhofa High Head Blues começa, com uns reco
recos de pia de área de serviço, um riff de poucas notas e um clima de fim de
tarde ensolarado. Ai a porrada chega no refrão, com direito a Hammond, E7/9+
(busque conhecimento) e batata frita em óleo vagabundo acompanhando. Chris
Robinson não é o Plant de verdade, mas tem toda marra de cantor branco de blues
de seu antecessor. Um solinho vulgar (no bom sentido) à Page no fim, dá tons
finais. Pois bem, apertaram a bagana durante toda a música, acenderam e puxaram
só para deixar a “cabeça lá no alto”. Menção honrosa ao clipe que eu adorava
assistir na MTV, viagem pura!
Cursed Diamonds é a primeira balada do disco e nos transporta
diretamente a outro petardo Zeppeliniano: Ten Years Gone. Acordes molengas em
uma guitarra limpa e algumas notas de piano acompanhando, aram a terra para o
que vem pela frente. Eis que tudo explode e a fórmula de sucesso está toda lá,
um puta riff pesado, a voz estridente e blues de Chris e um delicioso e
cortante slide de guitarra que tira um teco de nossos corações. Aquela tensão e
calmaria que só o Led propicia está ai jovens!
Non-fiction é uma de minhas favoritas do disco. Não sei pontuar
diretamente por quê, porém Black Crowes sempre me dá a impressão de ser a
junção de duas bandas que simplesmente amo: Led Zeppelin e Allman Brothers
Band. O clima de blues sulista está sempre lá, com um pezinho no country, meio
dançante e um galho de trigo no canto da boca. Ambas as bandas foram mestres em
criar este clima, mesmo uma sendo de origem britânica. Escute a música Midnight
Rider do Allman Brothers e prove que isto tudo não é uma ficção. Mais uma
balada perfeita para se deleitar em um dia tranquilo, aumentando o som e
cantando alto o refrão.
Hammondzinho de leve, só para
clarear as ideias. Ai a guitarra vem e estraga tudo. She Gave Good Sunflower traz um pouco de peso de novo e te faz
balançar a cabeça em uma leve convulsão de sentimentos. Mais setentista
impossível, principalmente no belo solo de guitarra, cheio de wah-wah (de novo?
Vai gostar assim lá na pqp). Faça um esforço e repare na base cheia de tensão
que faz o pano de fundo para os dois solos. É possível ouvi-la melhor após um
breve silêncio, acompanhada posteriormente pelos votos de amor de Chris. É um
dos contrapontos mais interessantes do disco, mostrando que não é só uma banda
de inspiração e aspiração setentista.
Agora é bluesão nos moldes de
Muddy Waters na tua cara, guenta ai! P.
25 London traz aquela gaita estridente dos mestres clássicos do blues, dos
mestres clássicos do Led, isso aí é mais clássico que Mozart, rapá!!! Atente
para a guitarra slide em clara fusão com a gaita, detonando nossas mentes. E
dá-lhe solo. Acho que os irmãos Robinson se odeiam, pois não foram capazes de
tolerar seus gigantescos talentos. Infelizmente essa é uma das grandes mazelas
da música. Egos!!!
Faz-se necessário, a esta altura
do campeonato, uma balada que nos represente. Ballad In Urgency veio suprir esta lacuna. E para resolver tal
problema trouxeram o conhecimento adquirido desde Beatles: guitarra trastejando
com cara de cítara, bons refrãos e um inquestionável solo de guitarra. Para
concluir, passarinhos, piano, baixo fretless (me corrijam, mas parece baixo sem
traste) preparando o prelúdio do que vem a seguir...
... os tempos de sabedoria
chegaram para deduzir nossos espíritos. Wiser
Time é o ponto alto do disco senhores, como um corredor ultrapassando os
retardatários, nada irá alcança-lo. Lembro-me a primeira vez que a ouvi, parei
tudo que estava fazendo, pois, o céu é aqui mesmo na terra. É o tipo de música
para ouvir viajando, viajando de carro, de avião, na sua mente, em qualquer
lugar. Tem blues, tem letra bonita, tem solo de guitarra, de piano, de lap
guitar, de violão blues (caixa acústica de metal). Tudo o que você precisa tá
ai, nem precisa sair de casa para comprar arroz e feijão.
Uma pequena digressão. Black
Crowes, assim como o Led, nunca se furtou a recriar o blues em seu mundo
musical, e, este, talvez seja o maior elo que os une. São bandas de blues que
quiseram fazer mais e esbarraram no rock. Downtown
Money Waster é a prova irrefutável disto. Você enxerga tudo: slide de pacto com o demônio, a musicalidade
do delta blues e Chris buscando incessantemente a blue note.
Mais uma ótima balada pela
frente, Descending, tão boa quanto as feitas pelo Led. Tudo
o que já foi falado anteriormente aparece aqui, slide em violão - os caras
gostam muito de slide, e quem não gosta? – um ótimo refrão e um piano suave e
limpo que finaliza os trabalhos. Em via de regra, o disco acaba aqui, porém, a
versão analisada aqui, (UK 1998 Reissue) ainda tem mais duas músicas!
Song Of The Flesh começa absurdamente estranha, com uma base de
teclado que parece fora de contexto e uma gaita nada a ver (para dizer no
mínimo) dando a impressão que começou errado. Quando o blues volta, tudo entra
nos eixos, como um trem voltando a terra natal. Cara, e dá-lhe slide, mas a
gente não enjoa!!!
E por fim, mas não menos
importante, temos nosso momento Bron-Yr-Aur na prolixa Sunday Night Butterfly Waltz. Um belo instrumental, contando
somente com um violão, carregado do sentimentalismo folk de outrora.
Sinceramente, gosto do jeito que o disco acaba neste release, mesmo sabendo que
talvez a concepção inicial do álbum não contemplava esta música.
Black Crowes é isto, uma banda de
rock, despudorada em soar blues, com talentosos músicos totalmente
influenciados por grandes bandas dos anos 70, em especial o Led, que contava
com uma energia frenética em suas apresentações ao vivo. Destaco que apesar de
beber do cálice abençoado do dirigível de chumbo, ela sempre teve vontade
própria e personalidade. Já não posso dizer o mesmo dos “xovens” que vem
a seguir.
To Be Continued, Again...
Grande Abraço!
**Editado em 08/06/2018
Quanto à capa do disco Amorica... prefiro a outra... kkkkk
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