Bem vindos!
Colegas, estou devendo mais
posts, certo? Pode ser! Retomo a temática grunge, com uma banda que não o é
necessariamente. Flertou com o alternativo, lembrou Zeppelin e coverizou Eddie
Vedder, se assim podemos dizer!
Bem longe, mas beeeeeeeeeem longe
de Washington, berço de bandas como Nirvana e Soundgarden, quatro sulistas do
pacífico, viviam o rock maravilhoso da época. Lançam “Core” e “Purple”
respectivamente, quase fazendo releituras de clássicos pregressos. Eis que em
1996 a banda resolve mudar um pouco a guitarra e Scott Weiland se transforma,
como um camaleão.
A banda adentrou de cabeça no
rock alternativo e se livrou em partes das amarras da paixão do Grunge, o que
foi muito bom, pois estes músicos têm um entendimento mais profundo e
transcendental do que é música.
Vamo-nos ao disco!
Press
Play, como muitas bandas gostam é o epílogo! Tem mormaço e brisa! A
levada carregada na bateria é Jazz fusion total. Os harmônicos da guitarra nos
acalmam um pouco, juntamente com o teclado que acompanha. É camarão com um
molhinho de maionese, só para abrir o apetite.
Pop’s
Love Suicide começa a brincar de rock e nos traz o primeiro de
muitos riff’s. Não consigo não pensar em rock alternativo quando a escuto,
remetendo-me a Garbage. A guitarra de Dean De Leo fala bastante, tem dois
timbres diferentes, um de distorção suja e o outro um típico efeito que casa
com os modelos Les Paul da Gibson. Ótimo solo explorando estes efeitos. Notem
também a voz de Scott, bem diferente dos dois últimos trabalhos. Abandonou o
timbre mais grave que levou as comparações com Eddie Vedder, para uma voz mais
rouca e estridente. É outra banda!
Outro efeito de guitarra. Mal
compreendemos as notas que abrem Tumble In The
Rough, eis que a guitarra fica séria de novo. Notas e melodia
simples. Rock curto e grosso, a la Kinks. No recheio da música alguns bons
riff’s de passagem são disferidos. Gosto muito da guitarra deste álbum,
apresentando simplicidade. Vejamos outro exemplo!
Big
Bang Baby é música pura!!! A guitarra parece um carro que engata a
primeira, e quando vai mudar engata a ré e volta derrapando. Ótimo exemplo de
guitarra bem tocada, sem fritar ovo. Um tempo torto encapa guitarra e bateria.
Muitos bicordes. O refrão meio pop e viajado incrementa mais esse pedaço de
Rock. Scott dá ótimos bends vocálicos, e sacramenta de vez o estilo adotado por
ele neste disco. E guitarra. Só penso em guitarra quando a escuto!
O início de Lady Picture Show remete-me novamente aos
britânicos do Zeppelin, porém, somente nas linhas instrumentais. Principalmente
no solo de guitarra, bem blues, duplicado, cheio de efeitos, acompanhado pela
bateria carregada. Lembra Your Time Is Gona Come. Imagino Plant observando aos
fundos, com orgulho!
E com acordes de bossa nova, mas
não neste ritmo, And So I Know
pauta-se. Nesta canção Scott modula novamente seu timbre vocal, em alguns
momentos lembra o estilo de Layne Staley do Alice in Chains. Notem como o STP é
uma banda versátil, em um mesmo álbum, vários estilos e modalidades são
abordadas. A calmaria desta faixa é totalmente distinta do praticado pelos
discos pregressos. Bom jeito de se reinventar! Cabe ainda um ótimo solo de
guitarra, bem jazz!
Chega de calmaria, Trippin’ On A Hole In A Paper Heart
chacoalha-nos e faz lembrar que estamos em um disco de rock. Mais bicordes,
mais rock e guitarra suja. A este momento você já está pensando por que ninguém
cita Dean DeLeo como um guitarrista relevante a música. Nem conhecemos este
nome direito. O solo é bem sujo, precisamos depois de álcool para esterilizar,
se é que você me entende?
Art
School Girl tem uma letra bem estranha e até engraçada, sobre um
namoro com uma estudante de arte. Se namorar uma estudante de arte for tão divertido
quanto ouvir esta peça de rock inconseqüente, não quero mais nada na vida. Tem
muito peso e controvérsia, tudo junto!
Adhesive
é calma como And So I Know, utilizando-se de acordes no violão, nem um pouco
ortodoxos. O acorde tocado no começo da faixa é muito bem encaixado e aparece
em momentos pontuais. O baixo de Robert DeLeo lembra o de Chris Squier, forte. Novamente
Scott muda, e utiliza-se de duas vozes, uma mais calma, e uma que parece não
ter ar para gritar, além dos vocais ao fundo que lembram Yes também. E na metade,
um pouco de Miles Davis, mas bem tímido. Faz umas notinhas no fim também. Música
linda!
Ride
The Cliche tem um riff sensacional de guitarra, que dá a impressão
de várias guitarras tocando juntas. O baixo ajuda neste sentido, mas,
novamente, é só Dean DeLeo. Passeia por todos os estilos de se tocar solos de
guitarra também. Aperta a mão de Jimmy Page, cumprimenta Jeff Beck e quiçá da
uma piscadela para Hendrix?
E agora o flerte é com Gilmour e
suas Lap Guitars, acompanhado por violão que toca em roda na fogueira à beira
mar: Daisy. Um amontoado de notas em
repetição, repetição e repetição. Parece música de surfista, mas não no tom pejorativo
da coisa!
Sei que não é a mesma coisa, no
entanto Seven Caged Tigers começa
muito Soundgarden, remetendo-me diretamente à Fell On Black Days, faixa na qual
dissertei anteriormente. Menos obscura mais alegre e meio grunge, como STP
sempre foi. A banda modula entre o deprê e o “alegrinho”. É a última que
sacramenta a influência Pagiana nas guitarras. Escute o solo e confirme. O
fade-out é ao extremo.
Em suma, este é um álbum deveras
radiofônico, músicas curtinhas e palatáveis, todavia parece uma bomba atômica,
pois esconde riff’s atemporais. Quando tocado por inteiro, parece explodir.
Dean DeLeo conseguiu maximizar sua letalidade na guitarra em poucos minutos. Se
tivesse a liberdade dos músicos setentistas para viajar no instrumento,
provavelmente teria criado hinos como Starway To Heaven e similares.
E se Soundgarden foi uma das
oitavas do Black Sabbath, com certeza Stone Temple Pilots foi uma das oitavas
de Led Zeppelin. Escutem o cover deles para Dancing Days.
E por hoje é só!
Grande abraço!
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