quinta-feira, 31 de maio de 2012

Soundgarden - Superunknown


Bem vindos, mentes procrastinadoras!

Como é de conhecimento de vocês até o momento, várias são as influências sonoras que moldaram todo o meu gosto musical. Em determinada época de minha vida, principalmente quando treinava fervorosamente guitarra, minhas preferências sonoras eram demasiadamente xiitas, em certa parte, pela influência causada por meu professor de guitarra, que só apreciava artistas mais antigos. Sendo assim, só gostava de ouvir  Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath, Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan e os derivados do Rock Progressivo, em que breve farei alguns especiais.



Foi nesta época que meu tio e tutor musical me apresentou Soundgarden.  Lembro-me até hoje de achar o som fantástico, muito parecido com Black Sabbath, tanto, que um dia andando em seu carro, sintonizamos a finada 89 a rádio rock, então ele me perguntou se conhecia quem estava tocando. Eu respondi, meio titubeante, se não era Soundgarden. Em seguida ele me respondeu que a sonoridade era parecida, mas que na verdade se trava do Black Sabbath. Hoje falo do primeiro disco que ouvi da banda que mudou completamente meu paradigma de rock e abriu meus horizontes completamente, mostrando que rock de primeira foi feito nos anos 90.



Este não é o álbum mais famoso deles e provavelmente muitos não achem o melhor, eu, em contra partida, acho do caraleo, com perdão do verbete. E já começa assim, na porrada, sentando a lenha, com um riff de guitarra arrasa quarteirão e a bateria falando alto. Let Me Drown é o nome dela. O andamento é extremamente ensandecido, parecendo Heavy Metal até. Não é a toa que são, em minha opinião, a melhor banda de Grunge que já existiu. Sobre Chris Cornell, não precisamos falar nada.  

My Wave diminui um pouco os hematomas deixados por Let Me Drown e deixa o disco um pouco mais pop, mas isto não quer dizer que ela é ruim. As guitarras dobradas de Kim Thayil no riff principal e a ótima interpretação de Cornell são o ápice da canção. No final, a vocalização e as harmonias relembram em muito a sonoridade do Led, já que há no ar certo clima arábico.

Fell On Black Days é mais grunge e mais depressiva, como o próprio título sugere. Ela é mais compassada, sem muitas variações, mas muito profunda. A letra fala em partes do que é a depressão e do que é se achar errado. Por tanto, o casamento entre melodia e letra são perfeitos.

Chegamos a um momento “sabático”. Duvido ouvir Mailman e não se lembrar dos ingleses de Birmingham! Em alguns momentos da faixa escuta-se um teclado obscuro, que lembra em muito o utilizado no disco Vol. 4 do Sabbath.O riff é cartesiano, extremamente grave e sem muitas variações, juntamente com a interpretação do restante da banda, salvo Chris Cornell que executa algumas variações vocais.  Sua alma ficará meio apagada depois de ouvi-la.

Aqui um momento blues meio sujo. Superunknown é virtuosa e magistral. Possui uma variedade de elementos muito interessantes, como o clima arábico novamente, tanto nos riff’s de guitarra, quanto na voz de Cornell, que está soberba e inacreditável. O jeito blues dela é indescritível, as linhas finais de Kim Thayil, lembram em partes The Lemon Song do Led Zeppelin. Um dos momentos altos do disco.

Head Down talvez seja a minha preferida. A guitarra de começo, tocada meio desafinada, parecendo um banjo e destilando a “blue note” do blues é de arrepiar. Outro destaque do riff desta música são as duas guitarras tocando juntas, com melodias em antítese, no entanto, se completando perfeitamente. Os efeitos de bateria são algo de extraordinário. A melodia desta faixa é tão bonita e bem feita, que quase não notamos Chris Cornell, se for possível não notá-lo de algum jeito.

Outra em destaque, o hino de uma geração, Black Hole Sun. A letra é psicodélica, quer dizer tudo, mas não diz nada. Acho que o ponto alto desta música é o refrão, pois é quase impossível não balançar a cabeça e não cantar junto. A melodia em si, é simples e sem complicações, mas é de tirar o fôlego.

Spoonman é rock and roll de primeira, divertido e entusiasta. A letra fala sobre um artista de rua que faz som com colheres. O riff empolga e é extremamente bem executado, perfeito para balançar a cabeça. Outra vez Cornell está fora de série, palmas para ele!

Eis que chega outro momento taciturno e melancólico deste álbum, Limo Wreck e The Day I Tried To Live. Duas canções amarguradas, querendo morte e agonia. A primeira fala da derrocada da humanidade, da destruição causada pelo “vil metal” e de Armageddon. A melodia acompanha em muito a letra, sendo calcada por linhas pesadas de guitarra e muita gritaria de Cornell, um chute bem dado no baço, podemos assim dizer. A segunda faixa começa em estado letárgico, parece até que será sonolenta, no entanto é bem dinâmica e possui momentos variados. A letra parece encaixada no contexto de todo o álbum até agora, melancólica, autocrítica, cinzenta e amargurada, talvez diga muito sobre os habitantes da depressiva Seattle, berço de artistas incríveis. Acredito que a música foi a forma de arte encontrada lá para exorcizar os demônios que existem dentro de seus residentes. Acho que estas duas canções demonstram muito isto que vos digo.

Agora é o momento mais Ramones do disco. Kickstand é punk rock, curta e nervosa, no entanto é soundgarden, não se limita aos usuais três acordes. Tem muita instrumentalização em um espaço curto de tempo. Uma joelhada no pâncreas.

As duas faixas que se seguem são de impressionar. Mostram o porquê podemos dizer que Soundgarden é a evolução de Black Sabbath. Fresh Tendrils  e 4th Of July são pesadas e mortíferas. A primeira tem um riff de guitarra e baixo extremamente marcante, tanto no começo, como no meio dela. Possui também um piano cheio de efeito, que lembra as linhas de John Paul Jones. A segunda faixa fala do obscuro, vai ao intestino grosso e joga toda a merda  para fora, típica faixa “sabática”. Destaque também para Chris Cornell, que grava sua voz em dois canais, em um está mais grave, no outro está aguda, como se fosse uma conversa com sua consciência.

Esta seria o orgulho dos ingleses do Led, totalmente arábica e indecifrável. Half é impronunciável, mística e ritualística. Chris Cornell fala coisas ininteligíveis. A música por si só é ininteligível.

Like Suicide embarca no clima da última e dá voz novamente à Cornell. O clima fica desértico, você sente o gosto de areia na boca e a falta de água te faz pensar em suicídio. Esta música me faz ter um turbilhão de sentimentos, sinto tristeza, agonia, uma felicidade torpe, um descontentamento, repulsa etc. Não há nem o que falar sobre a melodia, ela foi feita somente para ser sentida! Todos os instrumentos estão sendo tocados molemente, parece que a vontade de se suicidar toma os integrantes de verdade. É de arrepiar! Coloco também como uma de minhas preferidas do álbum.

Grande abraço e até o próximo.

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