quinta-feira, 21 de junho de 2012

Gentle Giant - Free Hand


Bem vindos, amantes da música!

Mais, mais e mais Progressivo. Falo novamente dos ditos “vovôs” da música. A banda fruto dos estudos de hoje, foi-me apresentada enquanto descobria o gênio musical Frank Zappa, tendo uma sonoridade muito próxima a dele. É uma das bandas mais subestimadas da história, contando com um número seleto de fãs, porém, possui uma das maiores inteligências musicais que já vi, além de muita versatilidade. Procurem os shows deles na internet e verão os músicos constantemente trocando de postos, tocando vários instrumentos.



Originária do Reino Unido, (sempre ele, poço da maioria dos roqueiros da época) foi criada pelos irmãos Phil, Derek e Ray Shulman, que já possuíam ascendência musical, não é à toa os três terem seguido este caminho. A este molho familiar, foram acrescentados mais três músicos de ilibada reputação artística, Gary Green, John Weathers e o meu preferido, Kerry Minnear, o dono dos teclados, xilofone, violoncelo etc. Phil, um dos principais, abandona o barco após a gravação de “Octopus”, mas não compromete em nada os arranjos e sonoridade da banda. Tanto que, o disco que comento não tem sua presença.

Comentários sobre o som vêm em seguida junto com as músicas. Há muita coisa a ser dita. Sigamos!

Você quer ser o mesmo? Eles não! Just The Same começa provando que eles nunca são os mesmos. Cada instrumento toca uma nota, em um tempo distinto, causando um efeito extremamente diferenciado e anárquico, porém com ordem. Após o refrão, o clima floydiano viajado entra em cena, mas os pés ainda estão no chão, principalmente quando o ritmo fica blues na guitarra, teclado e naipe de metais. Gary Green aproveita a pausa de todos e fica em evidência ao som de palmas. Esta canção não possui o trovadorismo peculiar da banda, mas tenha calma!



Você acha que Queen tem o melhor coral de vozes que já ouviu? Você está redondamente enganado, escute a introdução de On Reflection! E o melhor, é executado por todos os membros da banda, não como Bohemian Raphsody, no qual só Freedie canta (entendam, não é uma crítica ao Queen, só uma constatação). E vai ficando mais difícil ainda, pois além de cantarem em coro, ainda conseguem tocar. Para os descrentes, é só procurar o vídeo da apresentação para a BBC de 1978, a prova está lá. Novamente não temos um destaque individual, pois o conjunto funciona como uma pessoa só. Kerry Minnear canta solo em alguns momentos e só. É perceptível a influência clássica, barroca e trovadora nesta faixa. Ao final o momento mais magnânimo, as notas feitas pelas vozes no começo, são feitas pelos instrumentos. Outra vez é de impressionar a habilidade em encaixar notas em tempos diferentes de cada instrumento. Para mim a melhor do álbum e talvez da banda.

Free Hand começa diferente do que se tinha de progressivo na época, estando novamente mais perto da sonoridade Zappaniana. Baixo, piano e guitarra confraternizam-se, livres de efeitos e vícios, remetem-nos ao jazz e ao clássico. Kerry Minnear é o grande nome, seus teclados atingem efetivamente alguma glândula cerebral da fantasia. Notas em desacordo, melodias consoantes e agudas, tudo em perfeita harmonia, parecendo haver diversos estados físicos da água, em uma música só. O refrão sobrepuja tudo e fala outra língua, destoando. Pura viagem.

Mais um grande pedaço musical. Time To Kill e His Last Voyage. A primeira muito rítmica, mais violenta, (ao estilo Gentle Giant de violência) e com momentos de pura diversão. O baixo de Ray é espaçado, tem muita força e técnica, acompanhando alguns instrumentos da música e principalmente os versos entoados por Derek e Kerry. A guitarra de Gary Green não complementa como estamos acostumados no Rock ‘n Roll tradicional, com peso, e sim, com fraseados em sua maioria limpos e sem efeitos. É importante salientar como a banda age democraticamente, você consegue ouvir praticamente todos os instrumentos e não nota nenhum se sobressaindo a outro. A segunda música é mais tranqüila e conta com Kerry Minnear nos vocais, que substituiu Phil Shulman perfeitamente nesta tarefa. Há muito de jazz nesta faixa, principalmente em sua metade, quando o clima fica esfumaçado, possibilitando um belo solo de guitarra. As duas faixas acabam complementando entre si.

Talybont expõem o lado trovador barroco da banda para fora. Abusam da flauta doce, do cravo e dos bumbos. A guitarra entra em alguns momentos, junto com o teclado, para lembrarmos que os tempos de conto de amor e de amigo já acabaram, colocando um pouco de ácido na coisa toda. É a ótima ponte para o que vem a seguir.

Mobile lembra em vários momentos determinadas músicas do Kansas, talvez pelo violino irritadiço e country ao fundo, lembro-me também da ótima Mahavishnu Orchestra. Aliás, o violino do multi-instrumentista Ray Shulman é o grande destaque, lembrando o estilo de grandes violinistas do Rock, como Jean Luc-Ponty. É country e rock and roll ao mesmo tempo, só que foge do padrão blues bastardo dos sulistas americanos. Ao meio da faixa tudo fica obscuro, Derek aparece cantando versos zunidos, fazendo-nos crer que tudo mudará, então o country blues do Salvador Dali volta e nos dá paz de novo, apesar de tudo continuar não fazendo sentido. Não é para fazer mesmo!

Aqui termino o Post sobre o gigante gentil que é orquestrado, virtuoso e muito poderoso musicalmente. Para quem curte os sons estranhos do rock alternativo da atualidade, para os amantes de jazz e música instrumental é necessário se embebedar da música deles por um dia pelo menos, aposto que encontrará diversas referências. E um grande detalhe, não há nenhuma música de vinte e cinco minutos como no usual rock progressivo. São musicas curtas para o padrão, mas com tantos elementos, que parecem músicas eternas. Ouçam!

Grande abraço e até a próxima.

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