domingo, 16 de setembro de 2012

The Allman Brothers Band - Brothers And Sisters


Bem vindos!

Vamos nos transportar ao sul. Não, não vamos para Porto Alegre, tchau! Iremos à Flórida, carinhosamente apelidada por Homer Simpson de “o pênis da América” (oi??). Ok, aos olhos “nus”, não parece ser um bom lugar para conhecer, porém muitas coisas boas saíram de lá, como o Pica-Pau (um pouquinho de duplo sentido vai bem) e The Allman Brothers Band. Já que este não é um blog de desenhos animados, falemos do segundo. 

Gosto sempre de citar como descobri as bandas, no entanto, não posso precisar neste caso como isto se deu, só lembro que foi em 2006. Acho que todo rock sulista se conversa, principalmente pela influência ser a mesma, jazz, country e, principalmente, blues. Antagonicamente a Lynyrd Skynyrd, que usava mais o rock e o country, o grupo dos irmãos Gregg e Duane sempre desbravou mais as fronteiras do jazz e principalmente o blues. Por abusar das firulas na guitarra, em alguns momentos, ganhou a alcunha de rock progressivo. A influência do estilo é forte, mas não é o som deles.


O álbum de hoje foi o primeiro que ouvi da banda e, para minha surpresa, não contava com o saudoso Duane Allman nas guitarras, o que não compromete em nada a qualidade. Vamos ao álbum de nossos matutos americanos favoritos!



Wasted Words é a mistura perigosa de uísque de milho com guitarra slide. A voz de Gregg diz tudo! Apesar do baque da morte de Duane, a banda não desperdiça palavras musicais para traduzir a alma. O destaque realmente são os slides. Desde o começo, usam a “Slow Hand” de Clapton duplicada em forma de aço cilíndrico. Nos minutos finais a banda esquece um pouco Jimmy Smith e duela com Dickey Betts para ver quem é mais legal, guitarra ou piano.

E o andar perdido de Dickey é o tema agora. Ramblin’ Man é a ode ao matuto americano, que nasce torto, fruto de uma vida errada e se livra da culpa pregressa, rodeando o país em busca de limpeza mental. A melodia diz muito sobre isto. Baseada no country do Tenesse, como dito na letra, Dickey conforta a alma dele com as guitarras fraseando o tempo todo dentro da escala proposta. A voz que ficou rouca e carregada, devido aos amaciantes de caráter, pede a Deus, um pouco de paz de espírito e força nas pernas, para continuar andando. O som parece crescer e ficar mais intenso a cada segundo que passa, chegando ao êxtase nos minutos finais.

Come And Go Blues mostra mais personalidade da banda nos teclados, que assume de vez o timbre de piano, mais influenciado pelo jazz, abandonando o hammond de igreja um pouco. Esta faixa, como muitas que vimos até hoje no rock catártico, tem dois momentos. O blues cromático do piano aliada a guitarra cheia de funk. O refrão parece não pertencer à música, tem acordes bem sustentados, firmes e não é nada blues. As inserções de guitarra são bem pontuais e acertadas, todas as notas são bem pensadas e não há desperdícios.

Jelly Jelly é mais uma das músicas com nome de mulheres do Allman Brother´s, porém não foi escrita por eles. Guitarras solando e se completando são muito freqüentes, órgãos e pianos não. Estranhamente Betts está irritantemente parecido com B. B. King, porém os solos têm uma personalidade forte e agressiva.


E ainda nesta agressividade vem Southbound. A guitarra está muito funkeada de novo, nem combina muito com o estilo cowboy de Betts, todos os vídeos que vi dele causam estranheza. O grande trunfo da banda é soar rock ‘n roll utilizando a maioria das bases de blues. E que recurso eles usam? Inserem grandes passagens e riffs de guitarras. Solos, solos e mais solos. A banda inteira sola. Pena que isto não existe mais.

Jessica, aaaaaaaaa Jessica!!! Como gostaria de ter conhecido seus longos cabelos negros, sua pele morena e olhos profundos (como a música é instrumental, imagine-a como quiser). Com certeza Jessica trouxe muita alegria ao andarilho Betts, ajudando-o a fazer uma melodia alegre e um dos maiores clássicos da banda. Como notar uma grande música instrumental? Você consegue cantar o fraseado dos instrumentos e ele gruda na sua cabeça e corpo. A base melódica é muito bem construída, pois é simples e contêm poucos acordes, liberando a guitarra e piano para aprofundar seus conceitos próprios. Detendo-me mais a parte das cordas, toda a elaboração das frases é feita dentro da tríade de acordes maiores, isto dá leveza para a música e a deixa muito alegre. Como southbound, há grandes riffs conectando as partes. Aos três minutos ficam evidentes estes recursos, e, para incrementar, a banda aumenta um tom e meio, regozijam-se com o solo agudo de Betts e voltam o tom apenas para fazer o grande finale. Pegue seu caderninho aí e coloque este som como um dos melhores que você ouvirá na sua vida.

Quem já assistiu aos filmes de Wim Wenders, como “Paris, Texas”, com certeza lembrar-se-á dele com o começo de Pony Boy. Sei que muitos gostam dos blues feitos pelo Zeppelin ou Clapton. Particularmente acho que ninguém vence as bandas americanas nesse quesito. Está na alma deles, no sangue, está em todo o lugar. Perceba quanto movimento e suingue na melodia e voz, além de ser totalmente mambembe, sem efeitos nos instrumentos e sem uma levada de bateria inteira. Passaria facilmente por uma música feita nos anos cinqüenta por John Lee Hooker. Já ouvi muitos slides por ai: Rory Gallagher, Lynyrd Skynyrd, Led Zeppelin, Johnny Winter etc, todavia, os que mais me apetecem são os do Allman Brothers, isto que o mestre Duane já estava em um lugar melhor (assim espero).

Resumindo, gosta de jazz, country e principalmente blues, ao bom e velho estilo americano sulista de ser? Ouça Brothers And Sisters. E TUDO que Allman Brothers produziu!

Grande abraço!
Até a próxima!

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