sexta-feira, 14 de setembro de 2012

URIAH HEEP - WONDERWORLD - 1974

Salve Galera do Rock!

Volto à carga, desta vez falando sobre uma das minhas bandas preferidas...

Mas antes, vale comentar sobre uma teoria que tenho e que envolve as grandes bandas do rock. Vejo que a grande maioria das bandas que se consagraram no mundo do rock viveram seus anos de ouro nos primórdios de suas existências. Cito como exemplo nomes tal qual o Led Zeppelin (com seus Led I, II, III e IV). Penso em Deep Purple e logo me vem à mente o Machine Head (1972) e o Who Do We Think We Are (1973). O Black Sabbath se reinventou com o Dio na década de 1980; porém não há como negar que o período entre 1970 e 1976 foi o mais produtivo da banda. Nesta mesma linha temos o AC/DC, que teve dois grandes momentos gloriosos; os anos dourados antes e durante Highway To Hell, com o saudoso Bon Scott, e posteriormente os monumentais Back In Black, For Those About To Rock e Ballbreaker, com o bonachão Brian Jonhson.

E seguindo este caminho, introduzo aqui a banda da qual quero falar hoje: URIAH HEEP.

Estou falando de uma banda formada em Londres no ano de 1969 e que foi uma das pioneiras na fusão do hard rock com elementos do rock progressivo e do heavy metal. A sonoridade do Uriah Heep é inconfundível, principalmente a fase dos primeiros discos, na qual podemos destacar os teclados magistrais de Ken Hensley, a guitarra insana de Mick Box e os vocais fenomenais de David Byron. A cozinha da banda também era das melhores da época, contando com o baterista Lee Kerslake e o grande baixista Gary Thain. Aqui cabe um breve aparte, pois a formação que citei sofreu algumas alterações no decorrer dos anos; todavia, na minha opinião, esta é mais clássica de todas as formações da banda e que produziu os melhores álbuns (entre os anos de 1972 e 1974).

Pois bem! E é deste período dourado que saco o álbum objeto de minha resenha, qual seja, WONDERWORLD.




Este trabalho do Uriah Heep (é o sétimo álbum lançado) não é o mais badalado e comentado. Mas é para mim um dos mais especiais em termos de sonoridade e originalidade. É algo na linha da abordagem que fiz em meu post anterior, quando falei do álbum Time And A Word do Yes, o qual tem um estilo bem diferente dentro da linha musical que o Yes desenvolveu ao longo da carreira. E com o Wonderworld eu creio que o Uriah Heep pode experimentar várias abordagens diferentes dentro do rock, dando enfase muito forte (como de costume) aos arranjos vocais, os quais são a linha mestra do disco, tornando o mesmo um trabalho a ser analisado com riqueza de detalhes.

A canção que dá nome ao disco - Wonderworld - é aquela que o abre de forma maravilhosa. Um riff de guitarra desconcertante acompanhado por uma levada de teclados alucinante, a qual dá lugar à suavidade, clareza e limpidez do som do piano e dos acordes vocais do mestre Byron (para mim um dos maiores cantores do rock). E assim a música vai alternando momentos fortes e suaves ao longo de seus quatro minutos e meio de pura viagem.

Na sequência vem Suicidal Man, uma das canções mais fortes do disco. Novamente a música começa com riffs fortíssimos da guitarra de Mick Box. Esta canção, diferentemente da primeira, tem uma levada forte do começo ao fim. Uma delícia de música. Uma das que eu mais gosto de ouvir.

The Shadows And The Wind é desconcertante. Começa muito suave, com uma batida quase inaudível, o som do Hammond baixo e muito lento. Byron mais uma vez entra devagar com seu vocal límpido e quase que recita os versos iniciais desta bela canção. Após este primeiro minuto de suavidade a música ganha contornos mais fortes embalados por acordes fortes da guitarra e por um baixo extremamente marcante, bem como o vocal engrossado de David Byron. Mas fica para a parte final o que há de melhor; um arranjo vocal de tirar o fôlego, o qual em determinado momento toma conta da música totalmente, substituindo de forma maravilhosa todos os instrumentos. Escute esta canção e se não gostar, por favor, procure um médico (clínico ou da alma), pois você não está bem.

So Tired é mais leve e descontraída, mais alegre, quebrando um pouco a seriedade das músicas iniciais. Nesta música o ouvinte poderá pular, cantar e enlouquecer. Mais uma música deliciosa.

The Easy Road é a canção romântica do disco. Lindíssima. Letra e melodia da maior qualidade. A canção fecha o lado A do vinil de forma deslumbrante, fazendo com que você queira virar o disco mais do que depressa e ver o que o espera do outro lado... HA HA HA... Desculpe se você não é do tempo do vinil... Mas para mim, era exatamente isto o que acontecia toda vez que eu ouvia um disco bom pela primeira vez.


E começa o lado B com Something Or Nothing; outra canção com uma pegada mais hard e que sugere mais descontração. E na sequência vem I Won't Mind, com uma levada mais cadenciada comandada pelo baixo e pela bateria; mas logo vem à tona a guitarra repleta de distorções do pedal wah wah, muito bem performadas por Mick Box; esta canção é climática e viajante, mas não menos forte, pesada e encorpada.

We Got We é a mais pura expressão do trabalho do Uriah Heep. Música emblemática e com uma melodia muito bacana. Mais uma vez a guitarra divide a atenção com o forte baixo de Gary Thain; e mais uma vez os arranjos vocais encorpam a canção, criando uma atmosfera sensacional.

Chegamos por fim ao epílogo deste maravilhoso disco com a canção Dreams, a mais comprida e enigmática do álbum. Esta é mais uma das canções climáticas do Uriah Heep, envolvente e sugerindo mistérios. Mas é também uma canção que sugere tristeza e angústia, comanda pelo som dos teclados de Hensley e pela brilhante interpretação de David Byron. E o final nos trás uma sensação de algo desesperador. Definitivamente é uma canção muito forte.

Espero, sinceramente, que este meu texto cause nos leitores a vontade de ouvir o Wonderworld na íntegra. Como disse no começo, este não é o mais badalado dos trabalhos do Uriah Heep; porém, acredito que seja um excelente álbum, repleto de sons bacanas e inusitados.

É isso!

Forte abraxxx e até o próximo post!.

Betão.

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