terça-feira, 12 de junho de 2012

Rush - Clockwork Angels


Bem vindos, seres terrestres, assim espero pelo menos!

Quero fugir do ortodoxo novamente e continuar falando sobre Rock Progressivo, só que de outro jeito. Vou perambular nas terras gélidas do Canadá e vos importar a sonoridade que lá habita, falando sobre um dos melhores Power Trios que já existiram.

No fim dos anos 60, esboçava-se uma união arrebatadora, mas foi só em meados de 74 que ela gerou frutos verdadeiros e por fim, com a entrada de um monstro sagrado da bateria, a junção estava completa. Rush, simplesmente, assim, de supetão! Começaremos de trás para frente. Neil Peart é o cara quando se fala em bateria, seu ritmo e técnica são de embasbacar, além de letrista inspirado. Geddy Lee é o dono das cordas grossas, nunca necessitou de palhetas para infernizar com seu baixo, seu estilo de cantar é único, ou você gosta, ou odeia. Alex Lifeson, ou o criador, é o dono das cordas mais finas, em minha opinião, extremamente subestimado, pois nunca figura em nenhuma lista de melhores guitarristas, no entanto, possui uma coleção de riffs e solos que grudam na cabeça.



Pronto a mistura está feita! Mas que álbum é este que falaremos? Sim, os “velhinhos” continuam produzindo, para alguns em grandes hiatos de tempo (o último disco saiu em 2007, ou seja, cinco anos de espera), para mim é um bom tempo, já que dá tempo para se produzir com qualidade, não qualquer porcaria sem alma. Recomendo aos ouvintes atentos escutarem Snakes and Arrows, o penúltimo álbum da banda, e, confrontem com esse. Há certa semelhança, mas ainda assim é diferente.  

Vamos a ele!



A capa já apresenta simbolismos variados. Uma análise pura e simples dela consiste em destino regulado pelo tempo, como uma autoridade onírica. As letras, pelo o que pude notar em sites específicos, são baseadas em uma história pensada por Neil Peart, que, em breve, virará livro. Trata-se de uma odisseia regulada por um relojeiro. As letras são extensas, por tanto, irá gastar muito das aulas de inglês.

Sinos de um cruzamento soam e ouvimos o que parece ser a entrada de Woman From Tokio do Deep Purple, com riffs de guitarra e teclado sobrepostos. Eis que Caravan começa de verdade, com muito peso. A guitarra é vibrante, fala alto, tem um riff que lembra os grandes do Rock de outrora. O refrão corta um pouco o veneno, e trás uma bela melodia de teclado. O que vimos depois são músicos em pleno entrosamento, o baixo tem suingue, efeito e força, a guitarra faz licks rasgados e rápidos, seguidos de solos de pura imaginação, a bateria é inconstante, não possui forma definida. Que grande começo!

O Rush não é famoso por explorar vocais, o começo de Bu2b prova o contrário, frases são cantadas em conjunto e espaçadas, acompanhadas de perto por um violão meio amargurado e trêmulo. Para tudo, e o coro come agora! A melodia muda de cara, fica extremamente pesada, principalmente pelo baixo de Geddy Lee, que acompanha praticamente todas as notas da guitarra. Caros amigos, isto é para poucos. Aqui já arrisco a dizer que é o disco do ano, rivalizando com A Different Kind Of Truth do Van Halen.

Clockwork Angels é a faixa que dá nome ao disco. Um nome extremamente sugestivo, remetendo-nos à Laranja Mecânica (Clockwork Orange), apesar de possuir temática diferente. A bordoada diminui um pouco, lembrando em determinados momentos as progressões de som do U2, mas o Rush está lá, o baixo nunca faz o simples e Alex Lifeson dá um show à parte. A insanidade irá te assolar ouvindo está música. Existem várias mudanças de melodia e ritmo como podemos notar aos 4min e 5seg, dando um ar blues espacial que nunca ouvi, com vocais em alto-falante. O andamento é vibrante e muitas notas são tocadas ao mesmo tempo, com inserções de vários instrumentos “sintetizados” por Geddy Lee. Um tapa na nuca!

The Anarchist é talvez a mais comum do disco, mas não menos importante! Possui bases mais simplificadas, menos complexas e até a bateria de Neil Peart está mais “quadrada”, sem muitas variações. São inseridas algumas passagens meio arábicas, como os mestres Zeppelinianos gostariam, porém são bem de passagem. O vocal em alto-falante de Geddy Lee volta, sendo, por tanto, um estilo do álbum. Destaque novamente para o solo de Alex Lifeson, que mistura técnicas de música clássica, com vibratos peculiares. Sinceramente, há muito pouco de som anárquico como o título sugere. A la parque de diversões, inicia-se Carnies seguindo a mesma toada da anterior, menos psicodélica e sem grandes inversões melódicas, no entanto, o riff é direto e sabe o que quer, demonstrando todo o peso que Rush quis empregar ao disco.

Halo Effect é simples e bela. Está recheada de violão, violinos e violoncelos. O que mais me impressiona, musicalmente falando, é a facilidade de Geddy Lee em acompanhar todos os acordes que a guitarra faz, para quem entende um pouco sabe a complexidade envolvida. A sonoridade tem forte influência da escola inglesa de música.

Para que guitarras quando temos Geddy Lee. Note quanta consistência musical ele possui na entrada de Seven Cities of Gold. Seu baixo tem suingue, encorpa a música, tanto quando executa a entrada, quanto acompanha a guitarra de Alex. E ainda arranja tempo para fazer as linhas de teclados e cantar. Por isto quando ouvimos uma música do Rush, sempre achamos que existem pelo menos seis integrantes tocando. E faz-se sempre necessário, ouvi-las mais de uma vez para captar os detalhes de todos os instrumentos.

The Wreckers trás os violinos e o tom orquestrado de volta, todavia, aqui dão um ar de epopéia e suntuosidade para a música. Poderia facilmente ser a trilha sonora de algum filme, pois se utiliza de elementos sonoros modernos. Em alguns momentos me lembra um pouco certas músicas do The Who.

Headlong Flight nos brinda com a pancada novamente e os três integrantes estão de corpo e alma nela. Não há outros instrumentos, nem a duplicação dos que tocam. É o trio puro e simplesmente, criando riffs, misturando uma infinidade de influências. Uma grande feito de Rock ‘n Roll.

Bu2b2 londrinamente, outra vez, faz a ponte para Wish Them Well. Está calcada na mesma premissa de Headlong Flight, música simplória, mas muito bem construída, aqui Geddy Lee arrisca os agudos de dantes. O riff é básico, três acordes, alguns dedilhados, algumas mudanças de ritmo e um refrão bem marcante. O solo de guitarra tem um quê de oitentista.

The Garden encerra com determinada calmaria. O violão de Alex Lifeson introduz com acordes conhecidos aos nossos ouvidos e depois dá tons de obscuridade ao tema principal. A faixa em si é deveras obscura, já que quase não possui o peso das guitarras, que dão lugar aos violinos e teclado.  O refrão outra vez é marcante e gruda. No conjunto, temos uma música que nos remete ao Space Rock do progressivo, já que o refrão e tema principal se repetem exaustivamente, criando aquele estado de letargia mental. Ótimo final para esta grande obra.

E por hoje é só pessoal.

Grande Abraço.

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