Bem vindos, amantes da música!
Mais, mais e mais Progressivo.
Falo novamente dos ditos “vovôs” da música. A banda fruto dos estudos de hoje,
foi-me apresentada enquanto descobria o gênio musical Frank Zappa, tendo uma
sonoridade muito próxima a dele. É uma das bandas mais subestimadas da
história, contando com um número seleto de fãs, porém, possui uma das maiores
inteligências musicais que já vi, além de muita versatilidade. Procurem os
shows deles na internet e verão os músicos constantemente trocando de postos,
tocando vários instrumentos.
Originária do Reino Unido,
(sempre ele, poço da maioria dos roqueiros da época) foi criada pelos irmãos
Phil, Derek e Ray Shulman, que já possuíam ascendência musical, não é à toa os
três terem seguido este caminho. A este molho familiar, foram acrescentados
mais três músicos de ilibada reputação artística, Gary Green, John Weathers e o
meu preferido, Kerry Minnear, o dono dos teclados, xilofone, violoncelo etc. Phil,
um dos principais, abandona o barco após a gravação de “Octopus”, mas não
compromete em nada os arranjos e sonoridade da banda. Tanto que, o disco que
comento não tem sua presença.
Comentários sobre o som vêm em
seguida junto com as músicas. Há muita coisa a ser dita. Sigamos!
Você quer ser o mesmo? Eles não! Just The Same começa provando que eles nunca
são os mesmos. Cada instrumento toca uma nota, em um tempo distinto, causando
um efeito extremamente diferenciado e anárquico, porém com ordem. Após o
refrão, o clima floydiano viajado entra em cena, mas os pés ainda estão no
chão, principalmente quando o ritmo fica blues na guitarra, teclado e naipe de
metais. Gary Green aproveita a pausa de todos e fica em evidência ao som de
palmas. Esta canção não possui o trovadorismo peculiar da banda, mas tenha
calma!
Você acha que Queen tem o melhor
coral de vozes que já ouviu? Você está redondamente enganado, escute a
introdução de On Reflection! E o
melhor, é executado por todos os membros da banda, não como Bohemian Raphsody,
no qual só Freedie canta (entendam, não é uma crítica ao Queen, só uma
constatação). E vai ficando mais difícil ainda, pois além de cantarem em coro,
ainda conseguem tocar. Para os descrentes, é só procurar o vídeo da
apresentação para a BBC de 1978, a prova está lá. Novamente não temos um
destaque individual, pois o conjunto funciona como uma pessoa só. Kerry Minnear
canta solo em alguns momentos e só. É perceptível a influência clássica, barroca
e trovadora nesta faixa. Ao final o momento mais magnânimo, as notas feitas
pelas vozes no começo, são feitas pelos instrumentos. Outra vez é de
impressionar a habilidade em encaixar notas em tempos diferentes de cada
instrumento. Para mim a melhor do álbum e talvez da banda.
Free
Hand começa diferente do que se tinha de progressivo na época,
estando novamente mais perto da sonoridade Zappaniana. Baixo, piano e guitarra
confraternizam-se, livres de efeitos e vícios, remetem-nos ao jazz e ao clássico.
Kerry Minnear é o grande nome, seus teclados atingem efetivamente alguma
glândula cerebral da fantasia. Notas em desacordo, melodias consoantes e
agudas, tudo em perfeita harmonia, parecendo haver diversos estados físicos da
água, em uma música só. O refrão sobrepuja tudo e fala outra língua, destoando.
Pura viagem.
Mais um grande pedaço musical. Time To Kill e His
Last Voyage. A primeira muito rítmica, mais violenta, (ao estilo
Gentle Giant de violência) e com momentos de pura diversão. O baixo de Ray é
espaçado, tem muita força e técnica, acompanhando alguns instrumentos da música
e principalmente os versos entoados por Derek e Kerry. A guitarra de Gary Green
não complementa como estamos acostumados no Rock ‘n Roll tradicional, com peso,
e sim, com fraseados em sua maioria limpos e sem efeitos. É importante
salientar como a banda age democraticamente, você consegue ouvir praticamente
todos os instrumentos e não nota nenhum se sobressaindo a outro. A segunda
música é mais tranqüila e conta com Kerry Minnear nos vocais, que substituiu
Phil Shulman perfeitamente nesta tarefa. Há muito de jazz nesta faixa,
principalmente em sua metade, quando o clima fica esfumaçado, possibilitando um
belo solo de guitarra. As duas faixas acabam complementando entre si.
Talybont
expõem o lado trovador barroco da banda para fora. Abusam da flauta doce, do
cravo e dos bumbos. A guitarra entra em alguns momentos, junto com o teclado,
para lembrarmos que os tempos de conto de amor e de amigo já acabaram,
colocando um pouco de ácido na coisa toda. É a ótima ponte para o que vem a
seguir.
Mobile
lembra em vários momentos determinadas músicas do Kansas, talvez pelo violino
irritadiço e country ao fundo, lembro-me também da ótima Mahavishnu Orchestra. Aliás,
o violino do multi-instrumentista Ray Shulman é o grande destaque, lembrando o
estilo de grandes violinistas do Rock, como Jean Luc-Ponty. É country e rock
and roll ao mesmo tempo, só que foge do padrão blues bastardo dos sulistas
americanos. Ao meio da faixa tudo fica obscuro, Derek aparece cantando versos
zunidos, fazendo-nos crer que tudo mudará, então o country blues do Salvador
Dali volta e nos dá paz de novo, apesar de tudo continuar não fazendo sentido.
Não é para fazer mesmo!
Aqui termino o Post sobre o
gigante gentil que é orquestrado, virtuoso e muito poderoso musicalmente. Para
quem curte os sons estranhos do rock alternativo da atualidade, para os amantes
de jazz e música instrumental é necessário se embebedar da música deles por um
dia pelo menos, aposto que encontrará diversas referências. E um grande
detalhe, não há nenhuma música de vinte e cinco minutos como no usual rock progressivo.
São musicas curtas para o padrão, mas com tantos elementos, que parecem músicas
eternas. Ouçam!
Grande abraço e até a próxima.
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