Bem vindos!
Após um hiato de alguns dias,
volto a escrever e delirar. Vamos pesar um pouco esse som e sair um pouco do
monumental, porém tudo ao meu estilo. Falarei sobre mais uma banda da nova
geração que merece muitas atenções. O mastodonte se aproxima com suas presas de
marfim e derruba tudo. Isto resume toda a sonoridade da banda. Arrasadora e
mortífera, no entanto, o álbum em questã
é mais viajado, mais progressivo, mais instrumental, mais e mais.
A banda, oriunda de Atlanta,
Geórgia, nasceu no começo dos anos 2000, com um line up de quatro músicos
talentosos. Não há muito virtuosismo no quesito variedade de instrumentos e sim
muita porrada nas duas guitarras e bateria. Prestem atenção no dono das
baquetas, não estranharia ele figurar em breve em alguma lista de melhores.
Partamos!
Oblivion
começa com trinta mil tons abaixo, em fi bemol, muito grave e de certa maneira, simplória, lembra os modos do grunge dos anos 90, principalmente Soundgarden. O
ritmo aumenta, remetendo-nos ao thrash metal, como megadeth por exemplo. O
refrão apazigua a situação e deixa até um ar meio pop, as guitarras se dobram e
desdobram. A guitarra faz três belos solos dentro da moda pentatônica blues. Brann Dailor (o dono das baquetas) quase afunda a caixa. Ao final o riff fica
grave novamente, demonstrando toda a força heavy metal da banda. Acho que
competência e energia a definem.
Divinations
é curtinha, todavia parece durar uma eternidade. O banjo irônico, desferindo um
riff de metal em suas cordas trastejantes é arrasador, pura genialidade. O riff
de toda a música é puro thrash das melhores épocas, muito sincronizado e
intocável. O vocal de Brent Hinds (o dono dessa voz com lâmina de barbear na
epiglote) se mistura perfeitamente com a melodia e clima musical. O solo começa
solo, vira base, se transfigura e mente. É um solo duplo, rápido, muito bem
encaixado e sem muita frescura, marca registrada de todo o disco.
O primeiro flerte com o
progressivo começa agora. Quintessence
tem passagens com vocais limpos e suaves, quase impensável em trabalhos
pregressos da banda. Muitos riffs
oitavados, uma vertente muito utilizada nas bandas de hardcore da atualidade,
no entanto, parece ter um sabor e uma utilidade diferente. Por volta
dos quatro minutos as guitarras cortam os efeitos modernos e dão bordoadas à
moda antiga. Em momentos diversos ouvimos pianos incólumes, distantes e
afrouxados. É o progressivo de outrora dando suas caras timidamente.
Opa, estamos no disco errado?
Child In Time é a próxima? Que teclado de Jon Lord é este? Isto é heavy metal
de verdade? Não, estamos nos transportando à Rússia czarista, as mortes
ocasionadas pela tirania e o gelo siberiano parecem estar presentes em nossos
ouvidos. The Czar era tudo o que
queria ouvir no rock atual. Um ótimo riff, leve e pesado ao mesmo tempo, que
gruda na cabeça, tocado repetidamente, acompanhado de um teclado Jon Lordiano.
E mais, muitas viradas de ritmo, o refrão parece com o de Quintessence,
marcando mais uma delas. Os solos de guitarra, que novamente parecem
riffs, parecem bases, parecem solos são inquestionáveis. Desde a época de
Lynyrd Skynyrd não via guitarras sendo usadas em conjunto com tanta perfeição e
altivez. Por volta dos sete minutos, os teclados Lordianos são tocados em
rewind, talvez à hora mais Floydiana de todo o disco. Notem, quantas
referências pregressas pude citar em uma única música apenas. O solo (realmente
solo) vertiginoso do fim era o que estava faltando, puro abuso de quem já
abusou bastante. Tudo se encerra nos teclados novamente, parecendo até os de No
Quarter.
Ghost
Of Karelia começa de maneira oriental, extremamente asiática,
revelando o lado mestiço das fronteiras soviéticas. As guitarras outra vez
duelam entre si e mostram poder tirânico sobre tudo que é tocado. O teclado
Lordiano está lá, mas bem apagado, só serve para abaixar a luz e dar um clima. A
bateria segue as guitarras em todos os momentos, não sei nem como isto é
possível. Em conformidade e conjunção à última, a faixa que dá nome ao disco se inicia.
Crack The Skye começa demasiadamente
leve, viajada e semi anestesiada, porém temos gritaria e Troy Sanders (o
baixista e vocal ogro) não poupa esforços em deixar a coisa mais demoníaca. A
voz de robô é estranha, muito estranha. Em algumas partes temos a leve impressão
de black metal. Elementos quase subliminares são injetados em sua mente,
carecem de uma percepção aguçada de som para notá-los.
Ainda na vibração das cordas de
Crack The Skye, The Last Baron
apresenta-se. Como em todo o disco as guitarras estão muito graves ficando próximas
as tonalidades do baixo. Os primeiros
minutos são pautados por ótimos acordes dedilhados, meio distorcidos, meio
acústicos. A pauleira aumenta um pouco, e podemos ouvir alguns corais muito
interessantes, com vozes jogadas ao vento. Então, aos cinco minutos a coisa
fica séria, grave e animalesca. A banda honra o nome grande, portentoso, fazendo
ligados de guitarra dobrados, como nunca antes se ouviu, e o melhor, não gera
bocejos como algumas bandas de metal progressivo (não citarei nomes). Por não
desfrutarem de muito carisma, provavelmente a dupla das cordas mais fina do
grupo nunca terá o reconhecimento merecido, uma pena. Ao final a calmaria
gélida retorna, sendo finalizada por um ótimo solo, sem firulas de Steve Vai,
seco, firme e bem casado com a proposta da música.
E, finalmente, o álbum encerra-se
com uma ótima surpresa, as duas primeiras faixas são executadas novamente sem a
adição dos vocais. Podemos encarar como uma preguicinha da banda, que não quis
compor mais, ou podemos concluir que há contexto. Achei muito interessante,
pois nos dá um norte de quão intensa são as melodias desenvolvidas pelo grupo,
às vezes até, dispensando as letras. Dou-te um conselho, após ouvir o disco
inteiro, ouça as duas faixas novamente, com e sem letra, e, deleite-se.
Recomendo ouvir um trabalho
anterior à Crack The Skye, Leviathan, e o posterior também, The Hunter. São
três obras completamente distintas, que mostram facetas diferentes do conjunto.
Notará também que cada álbum tem um integrante mais atuante, em Leviathan o
mais atuante é o baixista Troy Sanders. Em Crack The Skye, nota-se uma
influência maior do bode da montanha Brent Hinds, guitarra principal. Em The
Hunter, o baterista Brann Dailor atua em quase todas do grupo. Isto não tira os méritos de Bill Kelliher, sua guitarra base é o alicerce da banda, lembrando até o trabalho de Malcom Young no Ac dc, além de apoiar nos vocais guturais como ninguém, basta procurar os vídeos da banda. Todo time precisa de um bom zagueiro também, nem tudo é só ataque, e mesmo assim eles aparecem às vezes para cabecear e fazer um gol.
Mastodon é o que o rock precisava,
a volta dos Riffs malucos e pesados, com muita e muita guitarra. O rock sem
guitarra não é absolutamente nada. Além de ter revitalizado o conceito
artístico de disco conceitual. Já emplacou os três últimos assim, é só notar a
psicodelia das figuras que selecionei acima. Aguardemos mais!
Encerramos!
Grande Abraço.
Meu amigo... Este post dá gosto de ler... e mais... se alguém ler tudo o que está escrito acima e não ouvir imediatamente o CD... ah... esta pessoa tem problemas... Abraxxx... Betão
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