sábado, 9 de junho de 2012

Yes - The Yes Album


Bem vindos, novamente!

Começo uma sessão de posts que tem um significado importante para mim. Foi na casa de meu tio Alberto, que ouvi pela primeira vez a banda ao qual falo hoje. Lembro-me que foi amor a primeira ouvida, gostei de tudo, da guitarra, do teclado, da voz, da bateria e do baixo. Tudo se transformou em uma maçaroca na minha cabeça e o estrago já estava feito. Já ouvi diversas bandas do estilo que são fantásticas e tenho uma apreciação enorme, como verão em posts futuros, no entanto, Yes é a que mais me diverte e fascina até hoje. Primeiro por que todos os membros são instrumentistas sem igual. Segundo que introduziram um estilo diferenciado de fazer música, cortando um pouco o ácido do componente principal da produção de um disco e colocando energia nova, imprimindo virtuosismo, complexidade, jazz e música clássica. Muitos acham o estilo cansativo e demasiadamente chato, admito que em vários momentos isto seja notório, principalmente em bandas como Emerson, Lake and Palmer, mas no começo dos anos 70 muitas bandas e álbuns surgiram cheios de inspiração e criatividade não podendo ser ignorados. Falarei um pouco sobre a banda.



O Yes contou com várias formações durante os anos, sendo formada sempre por seres anormais e extraterrestres em seus instrumentos. A banda nasceu na Inglaterra com a associação de Jon Anderson e Chris Squire, vocal e baixo respectivamente.  A interação entre os dois pode ser notada em toda a discografia da banda, fazendo um coral de vozes assaz interessante. Chris Squire é um de meus baixistas preferidos, possuí estilo forte e se destaca na multidão. A associação ganha um integrante novo, Bill Brufford, o dono das baquetas, e, para mim, o mais notável em seu estilo, suas levadas jazzísticas de bateria davam o andamento que o Rock Progressivo precisava na época, lembro-me, que a primeira vez que ouvi King Crimson, senti que conhecia o baterista, mas não sabia de onde. Para completar a banda, Peter Banks, guitarra e Tony Kaye, teclados, foram músicos que deram os toques iniciais do projeto, no entanto, foram substituídos dando lugar para Steve Howe e Rick Wakeman, graças a deus. Os músicos não eram ruins ou medíocres, Howe e Wakeman é que são de Marte e Vênus, só isso.  



The Yes Album foi o segundo disco que ouvi do conjunto, o primeiro foi o mais famoso da banda, Fragile. Não quis começar com este, pois entendo que é uma unanimidade entre todos, preferi falar de um que me fez virar fã fanático da banda de verdade. Aqui ainda não temos a participação de Wakeman nos teclados, ao invés disto, temos a estréia do melhor guitarrista de Progressivo da face da terra, e ainda em atividade, Steve Howe. Sem mais delongas vamos ao disco!

Como disse acima, aqui é a estréia de Steve Howe, escute os nove minutos e quarenta segundos de Yours Is No Disgrace e notará que o guitarrista é o grande destaque, como se falasse a todos, "vim para ficar 'rapeize', nem queiram me tirar daqui". Foi um dos grandes responsáveis por introduzir a guitarra virtuosa, rápida e cheia de notas nas músicas. Atualmente este estilo caiu no lugar comum, e brotam guitarristas do chão com grande formação técnica e nenhuma paixão! Tempos românticos aqueles. Voltando à música! Existem várias passagens, seria impossível detalhar todas, destaco três: primeiro o tema principal de guitarra, que é limpo e sem efeitos, no entanto, é efetuado em toda a faixa, sofrendo inúmeras alterações e aí está a beleza do som, segundo são os solos de Howe, que toca limpo, distorcido e faz vários licks soltos, e terceiro a base de baixo, bateria, voz e teclado, formando um fogão potente que aquece toda a melodia das cordas de metal. Linda música, causa uma alegria profunda e viajante. Para os amantes de músicas longas, temos um masterpiece.

Há algumas semanas me propus a tocar no violão Clap, devo admitir que a tarefa é bem difícil, e já passam alguns meses e ainda não consegui executá-la. Você acha possível um inglês, com cara de cientista maluco, fazer de cunho próprio, um Delta Blues do Alabama? Pois bem, ele fez e muito bem! Mais parece uma composição de Robert Johnson e seus agregados. A versatilidade de Howe é notória e com certeza o maior de seus atributos. A música é instrumental apenas, gravada ao vivo e possui muita energia, mostrando toda a cultura musical do guitarrista. Salve o mestre Steve Howe!!!

Starship Trooper é a viagem astral corpórea do disco, como o título sugere. A dupla dos vocais Anderson e Squire aparece, mostra toda a harmonia supracitada e nos deleita com as variações no refrão. A complexidade da melodia é menor e mais “viajada”. Existem três momentos delimitados pela banda: Life Seeker" (Jon Anderson), "Disillusion" (Chris Squire), "Würm" (Steve Howe). O primeiro movimento tem um riff de baixo iniciando, seguido por um de guitarra, não sofrendo variação, o segundo movimento começa aos três minutos, quando um violão blues toca ensandecido e se segue, até que um riff de guitarra inicia a viagem glacial do terceiro movimento “Würm”. Esta é a música que para mim define Rock Progressivo, por que, em linhas gerais, começa devagar e sem muito movimento, e ao longo dela, toma corpo e ritmo, ou “progride”. É extremamente variada em instrumental, parece que os integrantes utilizam de todos os recursos disponíveis. Atente-se a bateria que faz ritmos diferentes em toda a música, não se repetindo nunca.

Jon Anderson sobe as oitavas, acompanhado por Squire e inicia uma das melhores músicas do Yes: I’ve Seen All Good People. Também possui dois movimentos, o primeiro marcado pelos acordes de Howe no violão de 12 cordas, que lembra em muito as modas de viola caipira aqui do Brasil, acompanhado de uma flauta doce. O segundo movimento é mais dinâmico e tem muito blues, tanto nos teclados, quanto na guitarra. O refrão “I've seen all good people turn their heads each Day/So satisfied I'm on my way” é repetido incansavelmente e acaba virando uma base para a música. Outra vez o coral de vozes aparece bastante. Novamente percebemos a "progressão" da música, que encorpa em seu decorrer.

A Venture é curta para os padrões do Yes. Inicialmente tem notas, melodia e ritmo tímido, com alguns momentos de ápice ao decorrer da música, no entanto, nada que atrapalhe a calmaria que ela proporciona. Chris Squire cria uma linha de baixo forte que preenche a música. Tony Kaye toca o piano em um estilo jazz lento e melancólico, sem efeitos nem nada, talvez o maior destaque da música, já que seus companheiros tocam menos notas, fazendo enxertos e dando cadência somente.

E finalmente Perpetual Change encerra os trabalhos. É a síntese de todo o álbum. Tem de tudo um pouco, começa seco, com a guitarra, baixo e bateria batendo direto e em conjunto. Depois a coisa acalma, tendo momentos só voz e piano, dando novamente um clima de jazz. De novo, tudo muda, um riff de teclado e baixo bem doido começa e entra em repetição, dando lugar a um solo de guitarra mais doido ainda. Isto é Yes na sua forma mais pura, muita melodia, vários instrumentos e voz tocando juntos, de forma não cartesiana. E assim termina a música, outro riff diferente, cantado por Jon Anderson e acompanhado de perto pela guitarra nervosa de Howe.

Em todos os primeiros discos do Yes, você perceberá quanto potencial criativo estes rapazes, agora senhores, tinham, pegando o Rock 'n' Roll e inserindo o blues, jazz, folk, música clássica etc, tudo em uma única canção. Alguns contemporâneos do mesmo estilo tentaram fazer igual, mas acabaram enjoando o público, pois não é para qualquer um.

Pode parecer que não destaquei o trabalho de Chris Squire no baixo, mas escute o disco novamente e repare em todas as partes melódicas que você julgar pesadas. É ele que está lá, descendo a lenha, provando que na cozinha, é feita comida forte e apimentada.

Não falei sobre as letras por um simples motivo, não há uma lógica humana que as explique, você terá que lê-las e ver como se encaixam em sua vida.  

Grande Abraço, e até a próxima viagem!

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