sábado, 26 de maio de 2012

Black Sabbath - Master of Reality


Bem vindos.........

Continuo a dissertar sobre a tríade do Rock, Led, Purple e Sabbath. Vocês já devem saber qual foi o escolhido de hoje.

Black Sabbath foi uma das bandas que expurgou todo o lixo que havia na mente dos jovens industriais da Inglaterra no fim dos anos 60. Existe uma lenda da época, que a temática das músicas do Sabbath, se deve a uma percepção de Tony Iommi quanto ao gosto das pessoas por filmes de terror. Sinceramente acho que isto é uma falácia. Seria leviano diminuir desta maneira, o forte impulso criativo dos quatro jovens de Birmingham. Todos os discos deles, feitos no período de 70 a 80, abordam temáticas relevantes à época, como a bomba atômica, guerras, drogas, morte, depressão etc. Master of Reality é uma dessas obras primas, um dos meus discos preferidos.



(Tossida). É assim que começa Sweet Leaf. Tony Iommi destila o primeiro riff matador deste maravilhoso álbum. Logo ouvimos os primeiros versos, do que é mais uma declaração de amor a ervinha do capeta, apelidada carinhosamente aqui de “erva-doce”.  No meio dela, notamos uma inserção musical que destoa, parece até outra música dentro da mesma, causa certa estranheza, no entanto, mostra competência dos músicos em executá-la.



After Forever começa em tom de mistério, com um teclado tocando apenas uma nota, dando um clima altamente magnético, que poderá ser verificado em toda a faixa. Eis que Mr. Tony Iommi, em minha opinião o maior riffman de todos os tempos, faz sua entrada um tanto quanto alegre. Ledo engano. A paulada começa agora. Esta música é mais uma que trata sobre a morte, no entanto, tem um que de crença e fé, mostrando um lado religioso da banda. Quanto à melodia, não há o que discutir, é Sabbath em uma de suas facetas.

Embryo e Children of The Grave. A primeira serve apenas de introdução a segunda. E que introdução, não me canso de elogiar Mr. Tony Iommi, o cara manja muito seu instrumento. Em seguida ouvimos guitarra, baixo e bateria tocando meio abafado, em mesmo ritmo e em um único tom, iniciando o segundo melhor riff deste maravilhoso trabalho. A bateria de Bill Ward é marcante e dá uma motivação extra à música, o som tosco dos tambores que parecem latões de lixo pode ser visto com certa ressalva, para mim é o tempero a mais desta faixa. A letra é mais uma demonstração da profundidade dos assuntos abordados pela banda, falando sobre guerra e quanto os jovens devem se voltar contra ela.  

Orchid é a música de uma série de canções similares de Tony Iommi, como Laguna Sunrise e Fluff. É intimista e solitária. Mostra todo o lado taciturno do guitarrista, no entanto, dispensa distorções.

Lord of This World simples e bem executada. Ozzy Osbourne usa um efeito meio metalizado em sua voz, destaque para ele, que tem o estilo vocálico que casa perfeitamente com as melodias da banda. Esta faixa lembra em muito todas as músicas que eram produzidas na época, puro setentismo. Outra vez o quarteto aborda uma temática quase religiosa, evocando a pureza da alma e salvação deste mundo pérfido.

Solitude a música mais interessante do álbum. Aqui a banda está irreconhecível. Ozzy não é Ozzy. Tony não é Tony. Um piano e um sino tocam quase que inaudíveis ao fundo. O baixo de Geezer, sem todo aquele efeito característico, marca o passo. Uma flauta, talvez influenciada pela época em que Tony tocou com o Jethro Tull, cadencia a música e dá certa sonolência. Tony toca de um jeito, que lembra as melodias dos Western Spaghetti de Sergio Leone. Aqui a temática é a depressão, a solidão e a tristeza causada por um amor que se foi, por tanto, o encontro entre melodia e letra é perfeito.

Depois de anos ouvindo Black Sabbath, descobri que minha música preferida é a que vem agora: Into The Void. O que dizer do riff? É pesado e lento ao mesmo tempo, provando que para se fazer uma boa música de metal não é necessário 1200 bpm. A cozinha sem firulas feita por Geezer e Bill Ward dá toda a sustentação necessária para Tony ir até as estrelas em sua guitarra. Um petardo, um foguete como pronuncia o primeiro verso da música: “Rocket engines burning fuel so fast” ou “Motores de foguetes queimam o combustível ligeiramente”. A letra é a síntese de toda a obra da banda, evocando o “tinhoso” e denunciando o vórtice de autodestruição que a humanidade se encontra. Tony sola soberbamente outra vez, empregando um tom demoníaco nas escalas pentatônicas usadas majoritariamente no blues e assim termina o álbum.

Bom, amigos, a que tudo indica, ainda teremos o privilégio de vê-los ao vivo, já que, anunciaram o retorno deles, no ano passado. Eu pude assistir à uma parte deste show, quando o Heaven and Hell esteve aqui em 2009. Se vierem ao Brasil, só vos digo uma coisa, NÃO PERCAM ESTE SHOW POR NADA NESTE MUNDO!

É isso ai! Encerro por aqui.

Grande abraço.

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