Bem vindos, mentes procrastinadoras!
Como é de conhecimento de vocês até o momento, várias são as
influências sonoras que moldaram todo o meu gosto musical. Em determinada época
de minha vida, principalmente quando treinava fervorosamente guitarra, minhas
preferências sonoras eram demasiadamente xiitas, em certa parte, pela
influência causada por meu professor de guitarra, que só apreciava artistas
mais antigos. Sendo assim, só gostava de ouvir Deep Purple, Led Zeppelin,
Black Sabbath, Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan e os derivados do Rock
Progressivo, em que breve farei alguns especiais.
Foi nesta época que meu tio e tutor musical me apresentou Soundgarden. Lembro-me até hoje de achar o som fantástico,
muito parecido com Black Sabbath, tanto, que um dia andando em seu carro,
sintonizamos a finada 89 a rádio rock, então ele me perguntou se conhecia quem
estava tocando. Eu respondi, meio titubeante, se não era Soundgarden.
Em seguida ele me respondeu que a sonoridade era parecida, mas que na verdade
se trava do Black Sabbath. Hoje falo do primeiro disco que ouvi da banda que
mudou completamente meu paradigma de rock e abriu meus horizontes
completamente, mostrando que rock de primeira foi feito nos anos 90.
Este não é o álbum mais famoso deles e provavelmente muitos
não achem o melhor, eu, em contra partida, acho do caraleo, com perdão do
verbete. E já começa assim, na porrada, sentando a lenha, com um riff de
guitarra arrasa quarteirão e a bateria falando alto. Let Me Drown é o nome dela. O andamento é extremamente ensandecido,
parecendo Heavy Metal até. Não é a toa que são, em minha opinião, a melhor
banda de Grunge que já existiu. Sobre Chris Cornell, não precisamos falar nada.
My Wave diminui
um pouco os hematomas deixados por Let Me Drown e deixa o disco um pouco mais
pop, mas isto não quer dizer que ela é ruim. As guitarras dobradas de Kim
Thayil no riff principal e a ótima interpretação de Cornell são o ápice da
canção. No final, a vocalização e as harmonias relembram em muito a sonoridade
do Led, já que há no ar certo clima arábico.
Fell On Black Days
é mais grunge e mais depressiva, como o próprio título sugere. Ela é mais
compassada, sem muitas variações, mas muito profunda. A letra fala em partes do
que é a depressão e do que é se achar errado. Por tanto, o casamento entre
melodia e letra são perfeitos.
Chegamos a um momento “sabático”. Duvido ouvir Mailman e não se lembrar dos ingleses
de Birmingham! Em alguns momentos da faixa escuta-se um teclado obscuro, que
lembra em muito o utilizado no disco Vol. 4 do Sabbath.O riff é cartesiano,
extremamente grave e sem muitas variações, juntamente com a interpretação do
restante da banda, salvo Chris Cornell que executa algumas variações vocais. Sua alma ficará meio apagada depois de ouvi-la.
Aqui um momento blues meio sujo. Superunknown é virtuosa e magistral. Possui uma variedade de
elementos muito interessantes, como o clima arábico novamente, tanto nos riff’s
de guitarra, quanto na voz de Cornell, que está soberba e inacreditável. O
jeito blues dela é indescritível, as linhas finais de Kim Thayil, lembram em
partes The Lemon Song do Led Zeppelin. Um dos momentos altos do disco.
Head Down talvez seja a minha preferida. A guitarra de começo, tocada meio desafinada, parecendo um
banjo e destilando a “blue note” do blues é de arrepiar. Outro destaque do riff
desta música são as duas guitarras tocando juntas, com melodias em antítese, no
entanto, se completando perfeitamente. Os efeitos de bateria são algo de
extraordinário. A melodia desta faixa é tão bonita e bem feita, que quase não
notamos Chris Cornell, se for possível não notá-lo de algum jeito.
Outra em destaque, o hino de uma geração, Black Hole Sun. A letra é psicodélica,
quer dizer tudo, mas não diz nada. Acho que o ponto alto desta música é o
refrão, pois é quase impossível não balançar a cabeça e não cantar junto. A
melodia em si, é simples e sem complicações, mas é de tirar o fôlego.
Spoonman é rock
and roll de primeira, divertido e entusiasta. A letra fala sobre um artista de
rua que faz som com colheres. O riff empolga e é extremamente bem executado,
perfeito para balançar a cabeça. Outra vez Cornell está fora de série, palmas
para ele!
Eis que chega outro momento taciturno e melancólico deste
álbum, Limo Wreck e The Day I Tried To Live. Duas canções
amarguradas, querendo morte e agonia. A primeira fala da derrocada da
humanidade, da destruição causada pelo “vil metal” e de Armageddon. A melodia
acompanha em muito a letra, sendo calcada por linhas pesadas de guitarra e
muita gritaria de Cornell, um chute bem dado no baço, podemos assim dizer. A
segunda faixa começa em estado letárgico, parece até que será sonolenta, no
entanto é bem dinâmica e possui momentos variados. A letra parece encaixada no
contexto de todo o álbum até agora, melancólica, autocrítica, cinzenta e
amargurada, talvez diga muito sobre os habitantes da depressiva Seattle, berço
de artistas incríveis. Acredito que a música foi a forma de arte encontrada lá para
exorcizar os demônios que existem dentro de seus residentes. Acho que estas
duas canções demonstram muito isto que vos digo.
Agora é o momento mais Ramones do disco. Kickstand é punk rock, curta e nervosa,
no entanto é soundgarden, não se limita aos usuais três acordes. Tem muita
instrumentalização em um espaço curto de tempo. Uma joelhada no pâncreas.
As duas faixas que se seguem são de impressionar. Mostram o porquê
podemos dizer que Soundgarden é a evolução de Black Sabbath. Fresh Tendrils e 4th
Of July são pesadas e mortíferas. A primeira tem um riff de guitarra e
baixo extremamente marcante, tanto no começo, como no meio dela. Possui também um
piano cheio de efeito, que lembra as linhas de John Paul Jones. A segunda faixa
fala do obscuro, vai ao intestino grosso e joga toda a merda para fora, típica faixa “sabática”. Destaque
também para Chris Cornell, que grava sua voz em dois canais, em um está mais
grave, no outro está aguda, como se fosse uma conversa com sua consciência.
Esta seria o orgulho dos ingleses do Led, totalmente arábica
e indecifrável. Half é
impronunciável, mística e ritualística. Chris Cornell fala coisas
ininteligíveis. A música por si só é ininteligível.
Like Suicide
embarca no clima da última e dá voz novamente à Cornell. O clima fica
desértico, você sente o gosto de areia na boca e a falta de água te faz pensar
em suicídio. Esta música me faz ter um turbilhão de sentimentos, sinto
tristeza, agonia, uma felicidade torpe, um descontentamento, repulsa etc. Não
há nem o que falar sobre a melodia, ela foi feita somente para ser sentida!
Todos os instrumentos estão sendo tocados molemente, parece que a vontade de se
suicidar toma os integrantes de verdade. É de arrepiar! Coloco também como uma
de minhas preferidas do álbum.
Grande abraço e até o próximo.
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