...And The Gods Made Love
Bem vindos, mentes ávidas pelo amanhã!
Hoje partilho com vossas senhorias outro momento marcante na
minha vida musical! Chama-se Electric Ladyland! Obra do mestre, incontestável,
(no entanto, alguns contestam) James Marshall Hendrix, ou simplesmente, Jimi
Hendrix. Todo músico ou guitarrista deveria ter como estudo básico a técnica “Hendrixiana”,
principalmente por ser bem abrangente e versátil. Por tanto, hoje falo de um
disco que ouvi até furar o cd e quebrar o leitor óptico. Parte de um trabalho
rico e extenso de Jimi Hendrix. E para mim o de maior importância!
O disco começa com a psicodelia ácida do fim dos anos 60,
mistura de microfonias, gravações não identificáveis, efeitos de voz e
similares, talvez a concepção de Hendrix do que seria um ato sexual entre os
deuses, como o próprio título da música refere-se. Após este breve interlúdio,
Hendrix meio que nos pergunta, meio que nos afirma, “Você já esteve em Electric
Ladyland?!”. Talvez em sonhos, Jimi, ou em alguma viagem astral, não posso te
dizer agora!
Crosstown Traffic
é a próxima. Uma porrada, cheia de groove e cheia de efeitos. O riff de
guitarra e piano casam perfeitamente. No fim, Jimi avisa: “Cuidado!”.
Realmente, tenha cuidado! Voodoo Chile
chega rogando uma praga, anunciando o nascimento de um blues em Ré como você
nunca ouviu na sua vida. Muita coisa acontece, Jimi sola de forma ensandecida,
um teclado estilo igreja gospel improvisa ao fundo. Para que usar drogas se
temos uma música como esta! Ela eleva seu estado normal de consciência com
certeza! Ao fim pessoas parabenizam no
estúdio, dando um ar de improviso total à música, Jimi pergunta se foi bom? E
ai foi bom para vocês?
Little Miss Strange,
música de Noel Redding, baixista controverso de Hendrix. Esta música remete-me
a Liverpool, as praias dos EUA e seus surfistas calhordas. Apesar de parecer
muito alguma música do The Animals, ou até mesmo, Beatles, Hendrix está lá,
dando sua cadência, seu ritmo e principalmente seus solos. Long Hot Summer Night, Come On (Let The Good Times Roll) e Gipsy Eyes são as próximas, três músicas
cheia de ritmo e versatilidade, talvez as que mostrem como o mestre Hendrix não
era apenas um show man ao vivo, e, sim, também, um exímio guitarrista, com
técnica apurada. Pena que sua mistura de barbitúricos e vinho, abreviou sua
estadia na terra! Bom ele não era daqui mesmo!
Burning Of The
Midnight Lamp começa estranha, meio tosca, meio que inacabada, a bateria de
Mitch Mitchell dá o ritmo, Jimi canta com uma voz metalizada, abafada, como se estivesse
em uma caixa de metal. A música começa a ter corpo e o efeito Wah Wah, come
solto, como de costume!
Agora sim, a música que mais gosto deste álbum. Rainy Day, Dream Away. Jimi queima seu
baseado, acende, prende e pergunta: “O que vimos?”. Bom, de “fora da caixa”,
vejo simplicidade, misturado a jazz fusion e saxofone! E calmaria, muita
calmaria, como se apreciássemos o dia chuvoso do título. Nem a guitarra distorcida e arranhada de Jimi,
tira tal estado de admiração. E dentro desta viagem, deste sonho, que teima em
acabar, aparecem, 1983... (A Merman I Should Turn To Be) e Moon,
Turn The Tides... Gently
Gently Away. Devido ao grau de letargia dado por Rainy Day, Dream Away, não
conseguimos distinguir os efeitos das duas músicas supracitadas. Não sabemos
quando começa uma e termina a outra. Ouça e sinta o sonho blueseiro que Hendrix
desenhou em forma de notas musicais para nós. Rainy Day, Dream Away volta com
um pseudônimo: Still Raining, Still
Dreaming. Muda-se o nome, mas o efeito continua o mesmo. O sonho finalmente
se finda, no entanto, Hendrix diz continuar sonhando! Sigamos nesse sonho
hippie!
House Burning Down
e All Along The Watchtower. A
primeira de autoria própria e a segunda, uma releitura do clássico de Bob
Dylan. A primeira música mais parece um tango, mas tem um som de guitarra que
lembra fogo, parece carvão em brasas, realmente uma música tocada muito
intensamente. A segunda música é talvez uma das melhores regravações que já ouvi.
Hendrix era muito bom nessa arte como podemos conferir aqui. Os solos e os acordes
tocados da forma “hendrixiana” enchem a música! Coisa de outro mundo! Eu se
fosse Bob Dylan, ficaria mais que agradecido por tal homenagem!
Voodoo Child (Slight Return) chega e assassina brutalmente o blues
nascido em Voodoo Chile, como se matasse a praga rogada anteriormente. Sem
perdão, sem misericórdia! Hendrix estava nervoso, tinha raiva e ódio! Espanca
sua guitarra e joga-a em nós! E depois da surra, nos segreda: “Se não te ver de
novo neste mundo/ te vejo no próximo/ não se atrase!”. Ok, Jimi, só poderemos
te ver lá mesmo! Prometemos não nos atrasarmos.
Se você quer entender o trabalho do mestre, é imprescindível
ouvir este álbum. Existem tantas facetas de Jimi nele, que provavelmente você o
ouvirá a vida inteira, e não terá visto todas. Este é um disco indigesto na
primeira vez, no entanto, possui alguma toxina que causa vício, como a
nicotina. Você precisará de uma clínica de reabilitação depois de ouvi-lo. E
olhe que se livrar de Hendrix é difícil, estou tentando a pelo menos 14 anos e
ainda não consegui.
Grande abraço a todos!
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